segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Quarta Edição do livro WING CHUN KUNG FU


A propósito da quarta edição do livro WING CHUN KUNG FU - A Arte Marcial Praticada por Bruce Lee, que foi lançada pela editora escala, venho aqui falar um pouco deste livro e contar como passei de leitor de livros de Kung Fu a escritor.

Em 2008 conheci o escritor e orientalista José Augusto Maciel Torres, ex-sócio de meu Mestre Li Hon Ki, e tornei-me um colega, freqüentador de sua casa - onde reúne sempre faixas-pretas, terapeutas e figuraças do submundo marcial de Salvador - e interessado ouvinte de seus divertidos "causos" nos anos de militância nas artes marciais e medicina oriental; inteligentíssimo e culto, polemista e conhecido de quase todos os grandes mestres e escolas de luta, suas opiniões sinceras sobre o lixo que envolve os bastidores de muitas artes marciais e as reais origens históricas de outras lhe renderam inúmeros problemas durante os anos 80 e 90. O fato é que ele é o maior escritor de artes marciais do Brasil em número de livros publicados (61) só perdendo para Marco Natali, de quem é amigo pessoal, em número de livros vendidos.

Pois foi justamente o José Augusto quem me convenceu a escrever este livro. Metade das fotos havia sido feita pelo Mestre de Tai Chi Chuan e Wing Chun Aberto França Gomes; seu envolvimento com a medicina chinesa não lhe dava tempo de escrever e, tendo acesso aos originais do livro, fiquei preocupado em dar palpites sobre certos termos técnicos.

Eu relutei em escrever a obra não por não querer fazê-lo mas fazê-lo do meu jeito. Já havia alguns anos escrevendo na internet sobre Wing Chun sob pseudônimo, e me irritava com freqüência em ver que as escolas, tanto aqui quanto fora, ainda vendiam o Wing Chun como o "bombril" das artes marciais. Ainda hoje é conhecido o slogan de Natali "O mais simples e eficiente dos estilos de kung fu". Mas ele mesmo, escritor brilhante, não era culpado daquilo. Essa propaganda sobre os estilos explosivos e mentalistas do sul da China já tinha mais de cem anos de idade, e não era exclusividade do Wing Chun. Nós passamos a repetir a ladainha dos mestres chineses, acrescida de histórias fantasiosas sobre os superpoderes de Bruce Lee, brilhante ator de cinema morto nos anos 70 e ex-praticante de Wing Chun. Curiosamente, Lee era um dos maiores críticos do Wing Chun, embora tenha emprestado dele a teoria e a maior parte dos golpes do seu Jeet Kune Do.

Depois da popularização do Vale-tudo nos anos 90, nossa arte marcial sofrera um baque porque o discurso não estava batendo com o resultado das lutas, pois quem se arriscava geralmente perdia rápida e ridiculamente. Nos fóruns de discussão, a desculpa preferida dos praticantes era fazer referência às regras das lutas e a supostos golpes mortais tais como dedo no olho (Biu Sao) ou chute no saco (Tiu Gerk), além do clássico chute no joelho (Deng Gerk). Outra frase que me irritava bastante era "não é luta que vence, mas quem está melhor preparado". Muitas vezes a luta simplesmente não estava preparada, e no caso do Wing Chun talvez nunca estivesse, por causa de suas características peculiares. Por outro lado, isto não queria dizer que a luta era ruim. Quem a conhece de verdade sabe disso, e bons lutadores ao conhecer de verdade a técnica entendem por instinto como ela pode ser usada e a respeitam dentro de certos limites. Só é preciso analisa-la objetivamente, despida do discurso proselitista.

Toda arte marcial é uma resposta estilizada e sistemática sobre determinados problemas numa luta, nunca é tudo o que se fazer numa luta. Por isso existem tantas diferentes artes marciais. Mas os mestres de Wing Chun teimosamente em pleno terceiro milênio não dão o braço a torcer, eles vendem seu peixe dizendo que qualquer um que aprenda a filosofar em suas escolas vai derrotar, sem qualquer experiência real de combate, qualquer lutador, de qualquer técnica ou em qualquer situação de combate sem maiores problemas, porque o Wing Chun luta uma luta "real", ou seja, sem regras. Será que ver um Fédor da vida amassando a cachola de um suicida que tentou a sorte não é real o bastante para esse povo? Naturalmente, por nossa arrogância, nos tornamos o maior alvo de chacota dentro das artes marciais. A imensa maioria dos vídeos de demonstração na internet são tão irreais e inaplicáveis que parecem saídos de filmes de western soja de baixíssimo orçamento. O "21zeiro" (trocadilho pejorativo com a pronúncia aportuguesada da luta) do soco p****ta (soco com punho na vertical) hoje é sinônimo de praticante de arte marcial alienado.

Tome por exemplo artes marciais filosóficas e defensivas como o Aikido. Pouca gente fala mal do Aikido, e os grandes responsáveis por isso são os próprios praticantes e mestres. Eles não tentam ser o que não são. São bons no que fazem e ponto final. Bons policiais procuram aprender Aikido para poder imobilizar suspeitos sem machucá-los e sofrer sanções por isso.

Pense no boxe. Boxeadores não ostentam faixas ou títulos de mestre. Se você chegar numa academia de boxe, é pouco provável que encontre os caras se embolando no chão e tentando encaixar um "triângulo" ou uma chave de perna uns nos outros. Você dificilmente vai encontrar um boxeador tentando provar que o boxe é a luta número um, mas nenhum lutador inteligente vai subir num ringue de MMA sem saber pelo menos noções desta luta. Se você tiver 120kg e tentar dois rounds contra um boxeador amador de 60kg minimamente experiente, você provavelmente será nocauteado.

Sendo assim, embora em razão do pouco tempo para preparar a obra, o perfil leigo do comprador e pequeno espaço para o texto, tentei explicar como funciona o Wing Chun deixando de lado o discurso e focando friamente na técnica e do modo mais simples possível. Por que o lutador de Wing Chun usa o soco vertical? Por que as formas (kata, para usar um termo japonês mais conhecido que o chinês Tao Lu, Kuen To etc.) e bases do Wing Chun são diferentes das de outros estilos de luta que também vieram do templo Shaolin? Eram perguntas que eu mesmo me fiz quando comecei a praticar 20 anos atrás.

Comecei a dizendo o que o Wing Chun não é: luta de ringue e mera "defesa pessoal" este termo de uso geralmente confuso adotado sem muito critério por escolas de luta ruins. Coloquei lá as influencias que a luta sofrera do budismo Chan (zen) no modo diário de treinar e do taoísmo clássico, de onde é visivelmente tirada toda a estratégia para o combate. Expliquei como que o praticante deve usar biomecanicamente seu corpo para tirar máxima força dos movimentos (a maior parte das escolas de Wing Chun diz que a luta não usa força, coisa curiosa, porque na natureza tudo é, de certa forma, relação de emprego de força), a razão da simplicidade dos contra-ataques e como a defesa, um pouco mais complexa, foi montada de forma a sempre se adaptar ao inesperado. Muita coisa para se colocar em tão pouco espaço e em linguagem de gente. Sim, porque quem compra este livro não é o vinteumzeiro, mas o cara que nunca ouvira falar daquilo. Livros como este atraem novos praticantes em potencial.

Escrever este livro tão simples, e montado a tantas mãos generosas foi a maior chance de honrar a arte marcial à qual dediquei os melhores anos de minha vida. Tenho convicção absoluta que naquela simplicidade de texto consegui fazer algo inovador no Wing Chun do Brasil: abordá-lo de forma honesta sob o prisma de quem já praticou pra valer outras lutas tão boas quanto boxe, Muay Thai, MMA, Judo, Karate e outras, e situá-la em relação às outras lutas de acordo com a sua finalidade. Coloquei alunos de físico comum para mostrar que a luta é feita justamente para pessoas sem grande porte físico ou habilidades especiais, porque segue uma técnica. Sendo assim, quem pega este livrinho nas mãos termina de o ler já tendo uma idéia se deve tentar praticá-la ou não. Dentre tantas artes marciais disponíveis, o leitor pode entender o suficiente para dizer: é isso que eu quero para mim nas artes marciais! Ou não.

No ano seguinte à publicação da obra eu viajei à China e pude treinar com meu Sigung, mestre Duncan Leung tempo o suficiente para poder finalmente ter uma compreensão clara de como pegar toda a teoria e como treiná-la na prática para aplicá-la com o máximo de eficácia no combate dois-a-dois. Mas isso é a chamada para meu segundo livro, e que será publicado ano que vem.

Abraço a todos.


segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O QUE YIP MAN ME ENSINOU SOBRE A VELOCIDADE

Depois de traduzir metade deste texto novamente, vi que o mesmo arquivo que tinha aqui esta muito mais bem traduzido pelo meu Sidai, Mestre Marcio Silva, de forma que acho que não faria muito melhor que ele, sendo que peço desculpas pela preguiça apenas fazendo a obrigação de creditar o tradutor, já que, como diria Millôr, todo trabalho de tradução é uma coisa autoral.

Próximas postagens colocarei respostas de perguntas que fiz diretamente a Sigung Duncan alguns anos atrás. Há muitas versões deste texto, e se pararmos para analisá-lo friamente, fala-se mesmo sobre geração de energia, tempo e orientação espacial, tendo a velocidade apenas como referência. Institivamente Sigung faz uma análise muito tradicional e taoísta do sistema, que é realmente o cerne estratégico do Wing Chun. Enjoy.



O QUE YIP MAN ME ENSINOU SOBRE A VELOCIDADE
Sifu Duncan Leung


Recentemente um amigo me deu uma cópia da Revista QiGong Kung Fu, edição de março de 1999 que apresentava um artigo escrito pelo Mestre Ron Heimberger. Meu amigo não entendia exatamente os princípios que o Mestre Heinberger estava tentando elucidar. Devido ao meu passado como um aluno particular de Yip Man, e meu subseqüente envolvimento em Kung Fu Wing Chun, ele pensou que eu pudesse lançar alguma luz sobre o assunto. Peço a indulgência do leitor por tentar explicar o que Yip Man me ensinou.

Como meu inglês não é muito bom, li o artigo várias vezes. Estou contente que o Mestre Heinberger dispôs de seu tempo para instruir o público. Se todos os instrutores de Wing Chun possuíssem uma mente aberta como ele, dispostos a raciocinar, e tivessem vontade de se dar ao trabalho de explicar suas idéias e experiências a outros, tenho certeza que isso beneficiaria a todos os interessados na arte. Contudo, há algumas partes no artigo do Mestre Heinberger com as quais eu não concordo. Alguns pontos que o autor expõe que são um tanto obscuros para mim, especialmente suas referências a Jacob Bronowski e Albert Einstein. Por exemplo, o Mestre Heinberger menciona que Bronowski – comentando sobre a segunda Lei de Movimento de Newton - disse que força é igual a massa vezes a aceleração ao quadrado. Isso me confunde porque eu entendo que a segunda lei de Newton não menciona o quadrado da aceleração.

Como o Sr. Heidenberger discute a velocidade em Wing Chun, eu gostaria de tomar a liberdade de compartilhar minha interpretação dos princípios e teorias a respeito da velocidade, baseadas no que Sifu Yip Man me ensinou e em minha experiência própria. Naturalmente o que eu escrevo aqui foi filtrado em minhas percepções e preconceitos; certamente eu não proclamo falar pela família Wing Chun, e apreciaria receber qualquer correção. Isso me ajudaria a melhorar. É minha esperança que muitos membros Wing Chun compartilharão suas idéias com nós todos, independentemente de com quem eles aprenderam. A experiência de usar as técnicas de Wing Chun na luta, é o que importa. Afinal de contas, nenhuma luta é igual a outra. Nós podemos aprender alguma coisa nova – ganhando ou perdendo – descobrir alguma coisa em cada embate.
O que faz o estilo Wing Chun tão interessante é que a gente não precisa recorrer da compleição física, mas numa seqüência lógica de movimentos econômicos. Certamente a velocidade é extremamente importante na luta. Contudo, não importa quão duramente a gente treina, e durante quanto tempo a gente trabalha para melhorar, sempre há limitações. Você sempre vai encontrar alguém mais rápido que você. Algumas pessoas nascem com mais talento. Wing Chun permite à pessoa a possibilidade de superar a inerente superioridade de velocidade do oponente pela aplicação dos princípios da arte. Yip Man ensinou que no Wing Chun há vários tipos de velocidade. Se você não puder superar seu oponente com um tipo de velocidade, você poderá batê-lo com outro. Em outras palavras, se você puder aplicar a teoria da velocidade de Wing Chun você pode realmente se tornar mais rápido. Nesse sentido, há 4 áreas de relação:

1 – VELOCIDADE DE PERCURSO - Este é o tipo de velocidade a que nos referimos como a velocidade de um soco ou um pontapé, velocidade esta que pode ser calculada em pés por segundo. Com prática constante, podemos melhorar a velocidade do movimento.

2 – VELOCIDADE DA DISTÂNCIA – A teoria de linha reta de Wing Chun estabelece que uma linha reta entre dois pontos é a menor distância. Portanto, dando um soco reto é mais curto e mais rápido do que um gancho ou um swing. Para levar seu pé com um chute na cabeça cobre um a distância maior do que um soco mais curto e mais rápido na cabeça. É o mesmo que tentar socar a canela, isto é, é mais curto e mais rápido chutar a canela. Para usar uma analogia: se nós dois ficarmos na frente de um edifício e disputássemos uma corrida até a porta dos fundos do edifício e você correr por fora enquanto eu corro por dentro, da porta de entrada reto para a porta dos fundos, você pode ser melhor corredor que eu, mas eu posso chegar primeiro porque percorri uma distância menor.

3 – VELOCIDADE DE PRONTIDÃO – Partindo de uma posição de repouso em pé, quando nós tentamos dar um soco pesado ou tentamos chutar com força, é típico afastar a perna ou braço antes de executar o movimento. Isto não apenas telegrafa o movimento, mas também desperdiça tempo valioso no movimento extra. Em Wing Chun, a potência não é gerada apenas pelo movimento da mão ou perna, por isso não há necessidade de recuar. Nós usamos o outro lado do corpo para recuar enquanto ele ou ela gira rapidamente para socar ou chutar simultaneamente. Por exemplo, se você vai dar um soco com o punho esquerdo, você deve iniciar a potência jogando o ombro e o cotovelo direitos para trás tão rápido quanto você possa, enquanto soca com a mão esquerda, concomitantemente.

4 – VELOCIDADE DE REAÇÃO - Em geral, as pessoas gastam a maior parte do tempo treinando suas técnicas sozinhos, até que estejam em boa forma em todas as suas técnicas, mas em combate real, a aplicação é ineficaz. Isso é como aprender a andar de bicicleta sentando numa cadeira e movendo as pernas e braços simulando a experiência da bicicleta. Quando essa pessoa realmente tenta andar de bicicleta, certamente vai cair. Isso é porque os adequados reflexos e sentimento de equilíbrio não foram desenvolvidos. Yip Man costumava dizer que se você quer aprender a nadar, entre na água; não apenas movimente seus braços e pernas e pense que você é um nadador. Uma luta requer pelo menos 2 pessoas. Você pode treinar e lutar com você mesmo o dia todo, mas a menos que você aplique as técnicas com outra pessoa, você não irá muito longe.

Wing Chun tem apenas três formas. Depois de aprender e entender a primeira forma, a gente treina com Chi Sau, que precisa de duas pessoas, e da qual a gente desenvolve o sentimento de contato e reflexo. Então há os exercícios de técnicas, que também precisa de duas pessoas. Quanto você trabalha com os exercícios repetidas vezes, meses a fio , eles se tornam um hábito, segunda natureza. Quando acontecer um ataque você reagirá a ele sem pensar. O ataque acontece tão rápido que você pode ficar transtornado, com raiva, despreparado ou até aterrorizado. Não há tempo para pensar.
Essas são as teorias de velocidade de Wing Chun que aprendi com Yip Man.

SiFu Duncan Leung

domingo, 5 de dezembro de 2010

Duncan responde

Continuando a transferência de meus arquivos para o blog, peguei estas perguntas e respostas traduzidas por meu irmão Wing Chun mais velho, Mestre Marcelo Florentino, do site de Sigung Duncan. Atenção para a pergunta número 08, a mais recorrente entre os praticantes de Wing Chun. Duncan a explica - diferente do resto do material do blog - não à luz de seu convívio com Yip Man, mas de acordo com o funcionamento do Wing Chun. Boa leitura.

01) Feita por Kyle Rodgers em 17/01/06

Qual é a sua experiência com "Ch'i" (energia interior) para combate e propósitos de poder? O Sr. treinou com Yip Man. Bruce Lee também. Chegou a conhece-lo? E em sua opinião, quando Bruce estava em seus 100% com o Dhi Kun Do (Jeet Kune Do), ele era mesmo bom para ser classificado Si-Fu?

Resp. Grão-mestre Dancan em 23/01/06

Pessoalmente, eu nunca experimentei "ch'i" denominado em combate, embora eu tenha lutado com indivíduos que reivindicaram saber usá-lo para este propósito. Não digo que seja impossível, mas eu nunca vi. Yip Man não acreditava em "ch'i". Eu conheci Bruce Lee muito bem. Crescemos juntos, e sempre fomos muito próximos. Estudamos na mesma escola secundária, e foi ele quem me apresentou a Yip Man e ao Wing Chun (Vin Tsun).

A arte marcial de Bruce era certamente melhor quando ele a devolveu depois de vários anos em Hollywood, do que quando treinamos juntos. O Jeet Kun Do dele era essencialmente Wing Chun, talvez, ligeiramente modificado. Tradicionalmente, um estudante se torna um "Si-Fu" quando seu professor o nomeia como tal, o que indica que ele esta qualificado para ensinar outros. Yip Man não designava seus alunos como Si-Fu; houve entretanto, uma exceção: Jiu Wan*. Este foi o único estudante no qual conheço, a receber autorização de Yip Man como qualificado a ensinar Wing Chun porém, não chegou a dar-lhe qualquer tipo de certificado. Naquela época, não era minha intenção ensinar, e Yip Man não me nomeou “Si-Fu". Hoje em dia, um Si-Fu simplesmente é alguém que ensina, e tem estudantes seguindo sua instrução. Sendo assim, se você for um bom vendedor, e ensina isso, você é um Si-Fu!

02) Feita por Bill em 22/01/06 Desejo saber a compreensão do Fuk Sau que está na 1ª parte da forma Sil Lim Tao. É mais importante focalizar a posição do cotovelo, e não tanto a da mão?

Resp. Grão-mestre Dancan em 23/01/06

A posição de mão correta em Fuk-Sao é - dedos soltos e apontando para seu próprio corpo, cotovelo junto ao torso, pulso apontando para o plexo solar do oponente. Fuk-Sao é defensivo e usado para guardar e controlar a linha central. Para redirecionar, use ruin-tsao (giro-palma) e dhun-sao (soltar-cair) e jat-sao (giro-dentro). A palma é usada para golpear.

03) Feita por Rico em 13/01/06

Durante o tempo em que estudou com Yip Man, houve algum aluno em especial que ele qualificasse como tendo sólida habilidade em Wing Chun?

Resp. Grão-mestre Dancan em 13/01/06

Não recordo alguém em particular a quem ele tenha admirado.

04) Feita por Bill Dora em 19/01/06

O Sr. poderia me dizer se é correto imaginar aplicações ao usar quaisquer dos movimentos ao praticar o Sil Lim Tao? Alguns dizem que se deve esvaziar a mente e relaxar.

Resp. Grão-mestre Dancan em 20/01/06

Siu Lim Tau é conhecido em chinês como "Pequena Imaginação", sendo assim, isto deveria responder a sua pergunta no afirmativo. Eu também o lembro que, na primeira parte da forma, você está executando tensão combinada com poder em movimentos lentos, de maneira a desenvolver a memória muscular. Na segunda parte da forma, o movimento é rápido e sem tensão. Já na terceira parte, a velocidade é normal e relaxada. Em cada uma destas partes, a imaginação é usada.

05) Feita por Zmzazn em 24/01/06

Descobri o Wing Chun há pouco tempo e tenho ouviu falar que há diferentes linhagens no que diz respeito a sua aplicação. O Sr. poderia me dizer algo sobre a linhagem de Moy Yat, e que tipo de Wing Chun representa? Qual é a diferença entre Moy Yat e outras linhagens? Estou tendo a oportunidade de treinar com alguém que ensina Wing Chun de Moy Yat, E gostaria de saber se não vou desperdiçar meu tempo lá. Eu poderia praticar com eles e usar suas fitas de vídeo como meio de aperfeiçoamento?

Resp. Grão-mestre Dancan em 26/01/06

Conheci Moy Yat em New York nos anos 70 quando vim para os Estados Unidos. Ele foi estudante de Yip Man durante os anos 60 e presumivelmente aprendeu da mesma forma como todos os outros. De minha perspectiva, há só um estilo de Wing Chun, enquanto que, muitas diferentes interpretações baseadas no que cada instrutor individualmente está entendendo. Estude por um tempo com o instrutor da linhagem de Moy Yat. Mantenha sua mente aberta e olhe para as fitas. Se você sentir que há uma discrepância entre o que você aprende lá e o que você vê nas fitas, use seu julgamento e decida o que você acha melhor, e lhe deixa mais seguro.

06) Feita por Navin em 29/01/06

De todas as diferentes linhagens de Vin Tsun de Yip Man, notei que a de Dancan Leun é a mais parecida com a do Si-Fu Fun Tsun que ensina o sistema "Leun Jan's Pin Sun". Alguém aqui já viu ou praticou o sistema ensinado pelo Si-Fu Fun Tsun?

Resp. Shadowman em 30/01/06

Não conheço Fung Tsun, mas, é interessante você ter mencionado Leun Jan. Leun Jan ensinou o dois filhos Leun Tchan e Leun Bik. Ele também ensinou Tchan Wah Tsun. Ninguém sabe o que aconteceu a Leun Tchan. Yip Man estudou com Tchan Wah Tsun e foi seu 13º e último discípulo. Quando chegou a Hong Kong, estudou com Leun Bik. Yip Man nunca estudou com Leun Jan.

O interessante de se notar é que o estilo do Si-Fu Dancan (sendo direto de Yip Man) é o mesmo do completo sistema de Leung Jan. O que aconteceu é aquele Tchan Wah Tsun era um excelente lutador mas, não tinha muito interesse na teoria do Vin Tsun, enquanto que Leun Bik lhe ensinou (à Yip Man) todo o lado teórico. Quando Yip Man aprendeu de Tchan Wah Tsun na China, ele se tornou um lutador muito bom e era famoso por isso. Já, quando foi para Hong Kong, ele também aprendeu o lado teórico com Leun Bik e assim uniu ambos os lados complementando seu estilo Vin Tsun. Sendo assim, Ele teve o estilo completo, ou muito mais do que poderia ter para a época. Sendo o único a ter o Vin Tsun completo de Leun Jan de acordo com o que o Grão-mestre Dancan me explicou.

07) Feita por David em 10/06/05

Minha pergunta é, quanto tempo leva para se aprender Vin Tsun completo, incluindo carga horária diária? Não para ser mestre mas, para domínio da arte?

Resp. Grão-mestre Dancan em 22/06/05

Só para lhe dar uma idéia, me levou quatro anos e meio, treinando sete dias por semana, 4-6 horas por dia, para atingir a proficiência que eu tenho. Eu diria que você pôde aprender o sistema inteiro em aproximadamente 18 meses, praticando duas horas por dia, 4-5 dias por semana. Depois disso, a habilidade para aplicar o que você aprendeu dependerá do esforço individual, como também, na oportunidade para continuar praticando com um estudante da mesma categoria.

08) Feita por Will Williams em 04/01/06

Eu gostaria de entender. Há tantas versões de Vin Tsun (Wing Chun) que, como posso acreditar em quais sejam realmente as genuínas? Parece que todo mundo tenta validar sua versão como sendo a original. Sendo assim, como posso ter certeza que a do Sr. é a original?

Resp. Grão-mestre Dancan em 04/01/06

Tentarei responder-lhe em duas etapas. Primeiro, você tem que entender que Vin Tsun, é distinto dos outros sistemas de artes marciais, ele não é pré-ajustado. Cada uma das técnicas nas três formas (excluindo a forma do Homem de madeira) é equivalente às letras do alfabeto. Quer dizer, elas devem ser combinados em uma determinada situação na técnica apropriada para aquela situação específica. Todo o praticante e instrutor, esta aplicando estes conhecimentos na luz da sua compreensão individual, e a interpretação é filtrada pela própria perspectiva. Então, não é surpreendente se o resultado se parecer diferente de pessoa para pessoa.

Secundariamente, enquanto acredito que a maioria dos professores de Wing Chun são sinceros e bem-intencionados, há um punhado de charlatões que certamente não aprenderam o sistema completo e que contudo estão mascarados como mestres; o que estas pessoas não sabem, é que eles inventam algo que conduz a muita confusão no mundo do Vin Tsun. Por exemplo, alguns professores promovem a idéia que aprendendo "Tchi-Sao" já da para ter habilidade suficiente para lutar efetivamente. Eu discordo cordialmente com esta noção. "Tchi-Sao" é certamente importante porque ajuda a desenvolver a sensibilidade, coordenação do corpo, e a habilidade para cobrir espaços quando sob ataque. Mas é um exercício muito elementar.

Finalizando, você deve ser guiado por seu próprio instinto e sentimento, determinando assim, o que é genuíno e quem é o professor certo para você. Pessoalmente, eu procuraria o indivíduo que pode explicar o sistema de uma maneira simples e lógica, que aumente sua compreensão. Para averiguar se um instrutor pode lhe ensinar algo que é benéfíco e genuíno, peça-lhe que explique as teorias e lhe mostre a real aplicação destas. Então, você poderá usar a lógica e o bom senso para poder determinar se o que esta sendo oferecido é válido para você. Eu somaria este carater adicional: Muito importante não é o que o instrutor pode fazer, mas sim, o que ele pode lhe ensinar a fazer. O Si-Fu mais genuíno é quietamente confiante e modesto.

09) Feita por Kung em 04/01/06

Parece haver muita dúvida em relação ao Mestre Leun Tin ter sido aluno de Yip Man, mesmo sido ele, um dos maiores precursores do Vin Tsun mundo a fora. Minha pergunta é: O senhor tem algum conhecimento de Leun Tin ter treinado com Yip Man?

Resp. Grão-mestre Dancan em 05/01/06

Eu só me encontrei com Leun Yin uma vez, e isto foi muito recente. Eu era aluno de aulas particulares, e deixei Yip Man muito antes de Leun Tin se envolver com Vin Tsun. Entretanto, me foi dito que Leun Tin estava tendo aulas com Yip Man, então, presumo que isso seja verdade. Tenho de salientar que Leun Tin fez um grande trabalho, promovendo e popularizando o Wing Chun em toda a Europa. Porém, estas coisas realmente são de pouco interesse à mim. Um dos problemas no universo Vin Tsun é a prevalência de política, abastecida por insinuações. Por que as pessoas são tão interessadas em saber quem estudou com quem? O fato de ter estudado com Yip Man não me faz o melhor lutador ou o melhor instrutor. Muitos alunos dos alunos de Yip Man são melhores que os próprio alunos do idoso Man. Afinal, o que prova isso? Tente ficar feliz ao aprender algo útil com quem está ensinando.

*Conheci dois discípulos de Jiu Wan em Hong Kong. Muito tradicionais, preservam os valores chineses em tudo. Uma das grandes honras que tive na vida, ver uma tradição que segundo eles mesmos não é mais respeitada pelos mais jovens (Nota Sifu Marcos).

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Destrinchando o Muk Yam Jong, o boneco de madeira do Wing Chun, em uma análise de caso. Parte II

Pois é, assim como o personagem do game Tekken, Mukujin ( 木人) lit. Pessoa de Madeira, Uma corruptela de seu alter ego, Muk Yan Jong ( 木人...