domingo, 29 de dezembro de 2013

SIFU MARCOS SAYS THANK YOU TO READERS ALL OVER THE WORLD






I'd like to say thank you so much to all readers around the world that have accompanied my blog "Blog do SiFu Marcos" so far. These international readers are increasing a lot and then I'm totally surprised. That's fantastic! I have to mark it that half of that all readers belong to the USA these last two months. Considering just last month they are eighty per cent of all visitors.

I have about 2, 500 to 5,000 readers a month. Considering this a technical blog, there are many people interested in authoral information about Wing Chun over the internet. I believe that our work with professional MMA and our confidence that Wing Chun fills that space between striking and takedowns - independently what art we work with - as we are doing here with UFC Hugo "Wolverine" Viana and the former K1 Champion Ewerton Teixeira and opening space to work with another athletes in the future made many people take us seriously as some coaches are just doing. This year (november) we presented our work to Cigano's BJJ coach and Luiz Dorea mentioned our work (in spite of Hugo had lost his last fight he used a typical Wing Chun elbow to break his opponent nose and a great fence work using our art) and many important brazilian trainers met Leonardo Chamusca, my partner in this job.


However, I don't know how many among these readers are also brazilians, portuguese or have another nationality or second language as Spanish or Italian that facilitates the reading once this blog is written in Portuguese, a latin language. As a matter of fact the google translator make it easier than ever. There are many from europe too, specially Germany and Russia. 

It doesn't matter what color has our skin, or what is our language, Wing Chun is a style that depends on our mental work. Reach the roots of that knowledge is just the first step and many of us stop there. Right after that you have to improve constantly, discovering a secret that in fact our style doesn't hide but shows up moment to moment, inviting you to go beyond of it using your personal power. Thank you for your confidence. And sorry for my poor English.

A Happy New Year 
Have a wonderful year ahead
SiFu Marcos Abreu

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

LIN WAN KUEN, a mais simples - e mal utilizada - técnica do Wing Chun. Como fazê-la funcionar pra você


PRÓLOGO:


"Eu já havia visto que o cara estava atrás dos tickets dos antigos 'vale-transporte' que pendiam do meu bolso. De fato, eu o deixei se aproximar para ver no que dava. Então, enquanto passava por mim, ele tentou puxar os papéis, mas segurei a sua mão. Um outro comparsa saído de algum lugar veio a seu socorro e me deu um pisão na perna, e o outro acabou se soltando, mas eu ignorei o cara que me chutou e segui o primeiro usando Lin Wan Choi* até o parapeito, tencionando derrubá-lo lá embaixo. Quando me impediram ele estava já nocauteado, sentado arriado no chão, sua camisa de branca tornou-se vermelha pelo sangue. O outro cara fugiu." 
***

"Havia um burburinho e eu fui ver o que era. Havia um uma roda de pessoas e uma situação de conflito entre duas delas. Um cara se identificou como policial civil, e como se eu, policial militar, também quisesse ajudar, ele vociferou falando para eu não me meter e um monte de merda, que era ele quem mandava ali. Então começou uma briga e foi quando inesperadamente o cara jogou um grande cruzado que eu defendi usando meu antebraço com Tan, mas saiu assim (demonstra o gesto, saiu com Jam Sao, NA.) martelando na cara dele ao mesmo tempo e segui com Lin Wan Choi. Quando caiu no chão eu pisei nele, e a luta acabou." 
***

O cara era bem musculoso, parecia com você. A briga começou no meio do show. Ele jogou um soco swingado; eu usei Tan Da e segui atropelando com Li Wang Choi. Num instante tinha acabado, o cara tava estirado lá no chão.

***

Todos os relatos acima me foram contados por meus alunos e parceiros de treino que viveram situações de combate não-controlado, onde as variáveis e a intensidade do conflito podem resultar em sérios danos físicos e mesmo custar a vida dos envolvidos, muito embora, na prática, a maior parte destes destes conflitos seja curta e exija fisicamente muito menos do que uma luta entre dois oponentes de mesmo peso e condições justas de combate com regras. O problema das situações abertas é o potencial lesivo das mesmas. Eu os relatei aqui mais ou menos da forma que os ouvi, e pode ser que falte um detalhe ou outro, mas o resultado foi o mesmo. Preferi preservar a identidade destas pessoas e preferi relatos um pouco mais antigos, de alguns anos atrás, onde a técnica tema deste artigo foi aplicada com sucesso. Por este sucesso, que eu mesmo consegui em alguns combates, sinto-me totalmente à vontade para escrever sobre tema, esclarecendo contudo que não sou dono da verdade, nem falo por todos em minha família Wing Chun.



SiFu Marcos executa a técnica durante treino em seu Mo Gwoon


Antes que me acusem por estar sendo contraditório ou exacerbador de violência, vou deixar a hipocrisia contumaz dos escritores politicamente corretos - o que definitivamente não é o meu caso - de lado e adiantar que não vou entrar nos aspectos estratégicos (o suprassumo da eficácia em  defesa pessoal consiste logicamente em evitar o conflito) ou éticos envolvidos, como venho fazendo nos ensaios sobre defesa pessoal ou sobre o papel social do mestre em artes marciais orientais. Ao contrário do que pensam os excessivamente ingênuos ou falsos moralistas, os mais famosos sistemas de luta precisaram, em diferentes épocas de seu desenvolvimento histórico, igualmente dos monges e dos sábios, dos fracos e dos fortes, dos cautelosos e daqueles que arriscaram a vida sem muito propósito para que a técnica fosse testada, e esse julgamento é particularmente válido nestas lutas que se julgam absolutas,que seriam mortais demais para serem usadas em um campeonatos, por exemplo (hum, sei). Como este conhecimento de que "pode matar", chegou até você? Difícil mesmo, seja como for, é combinar que o outro cara vai se deixar matar assim com esta facilidade toda. Mas posso dizer dos casos citados acima que uma parte de  meus alunos tem de ter determinadas qualidades para viverem suas vidas do modo que querem, especialmente aqueles oriundos do underground como eu sou. O Wing Chun Kuen foi a ferramenta que eles usaram para asseverar este direito. 


LIN WAN KUEN: 


INTRODUÇÃO




Lin Wan Kuen escrito em ideogramas chineses

Talvez a característica mais marcante do Wing Chun, facilmente identificada em  sua movimentação, seja a busca pela simplicidade na ação. Seu soco direto com o punho na posição vertical, (Yat Ji Jung Choi ) tal como visto na primeira forma Sil Lin Tao, permite um uso de fácil sequenciação, sendo provavelmente o soco que mais pode ser repetido num dado espaço de tempo, por um mesmo executante, no mundo das artes marciais orientais, embora algumas artes marciais e sistemas de defesa pessoal usem socos muito parecidos como soco principal ou ocasionalmente, mais ou menos com a mesma função, como o Karatê-Do, o Aiki-Do e o Krav Maga. Este fato, tomado isoladamente, geralmente leva os praticantes - estimulados por seus professores inconsequentes - a achar que basta desferir uma saraivada destes socos de qualquer forma para que a luta acabe rapidamente. O que a maior parte deles não sabe é que os depoimentos que postei acima são a exceção e não a regra, e que para que estas pessoas tenham tido sucesso na aplicação real desta técnica foi preciso um treinamento que observe certos pontos, que utilizar essa sequência envolve certos riscos. São estes pontos e riscos que observaremos ao longo do artigo.


FATORES HISTÓRICOS





Quando um praticante armado com as Facas de Oito Cortes enfrenta outro com o Bastão de Seis Pontos e Meio (vide gravura acima) é um combate de extremos: uma arma muito curta, do tamanho médio de uma faca de açougueiro, contra um bastão de quase três metros de comprimento. A princípio em desvantagem, o portador das facas deve encurtar a distância o mais rápido possível, uma vez que consiga fugir as estocadas, percorrer a distância do bastão e cortar seu oponente antes que o mesmo consiga recuperar sua posição ou abandonar o bastão e sacar uma arma mais curta. É fácil encontrar pela internet vídeos em que praticantes avançados seguem estocando ou cortando (fatiando) em direção ao portador do Bastão Longo. É visível como a posição das mãos na empunhadora das facas e mesmo o padrão mecânico de ambos os movimentos não por acaso se parecem com a sequência fundamental de socos, tendo provavelmente aí sua origem, ou influência mútua, para aqueles que notam a praticamente total correspondência conceitual entre os golpes de facas e os de mãos vazias, até mesmo nos nomes, muitas vezes apenas trocando um "Sao" (Braço) por "Dao" (Faca). Assim sendo, Man Sao, Man Dao, Bong Sao, Bong Dao e assim por diante.




SiFu Marcos executa Man Dao com as Facas de Oito Cortes.


Outro fator determinante para que a luta tenha desenvolvido a propriedade técnica de bater o máximo possível enquanto ganha espaço para a frente ao longo de seu desenvolvimento histórico é a especialização gradual que a luta foi tendo nos contra-ataques, talvez devido ao pouco espaço nos Hung Suen (Juncos Vermelhos), embarcações onde os praticantes do século XVIII, atores mambembes de ópera cantonesa, passavam a maior parte de seu tempo. O ideal hipotético de combater em campo de batalha mais de um oponente, somada à logica taoista cada vez mais presente na estratégia propicia a valorização do avanço em detrimento da luta mais parada. O "domínio do ringue" e a luta mais estática pode ser imperativa numa competição em que se luta contra apenas um oponente, mas numa luta de rua pode significar ser um alvo fácil para outros agressores envolvidos no conflito (vide meu último ensaio sobre defesa pessoal, aqui neste blog). 

"Lin Wan" pode ser traduzido, segundo meu SiFu, Dr. Li Hon Ki, como "seguido", e "Kuen", neste caso, com a tradução literal de "\punho" ou "soco". A tradução mais difundida mundialmente para o inglês é Chain Punch (Soco Corrente). Uma vez que não haja assim grandes diferenças entre o padrão do soco entre as diferentes escolas de Wing Chun Kuen, a melhor aplicação não depende tanto de apenas saber desferir os socos eles mesmos, mas principalmente a técnica de base e a ocasião mais propícia, o momento certo, de tentar. Ainda assim, a maneira curiosa e muitas vezes caricata com que muitos desferem os socos, de forma displicente, fazendo círculos muito grandes entre os socos,  fez com que praticantes de outras lutas apelidassem nosso soco de forma pejorativa. Há uma quantidade incrível de vídeos demonstrando a técnica, mas poucos deles passam confiança a quem os assiste.


DIFERENÇAS OBJETIVAS ENTRE OS SOCOS DO WING CHUN: FORÇA, VELOCIDADE, POTÊNCIA.


O soco original do Wing Chun pode ser desferido  em sequência com dois enfoques diferentes:  o primeiro é a potência, valência pouco explorada pelas escolas, uma vez que todos acreditam que não se deve usar força no Wing Chun, e que isso teria sido mesmo preconizado por SiTaiGung** Yip Man(!) Neste caso, a força extra do ombro, somada à bases e o giro de quadril, somado ao movimento assimétrico dos membros (como quando retesamos um arco, um braço puxa e outro empurra, ou quando pedalamos uma bicicleta,uma perna empurra enquanto a outra cede) é valorizada no treinamento para que use todo o potencial do corpo. Esta sequência é em geral mais curta e o ingrediente força é tão importante quanto a velocidade. Embora não seja nosso foco aqui, este tipo de movimento é fundamental para uma boa execução do soco corrente, uma vez que estes golpes geralmente abrem uma boa sequência para seguirmos com Lin Wan Choi, como veremos mais adiante. Sequências focadas no aspecto força usam bases como Toy Mah ou Din Choi (vide artigo Luk Dim Boon Kwan).





                          A  filha de Sifu Marcos demonstra o soco direto em Toy Mah. Foco geração de força explosiva.



O segundo enfoque é a velocidade pura, justamente o que precisamos para executar Lin Wan Kuen (Choi) em sua forma mais básica. Não importa o quão bom tecnicamente você seja, se não conseguir um número mínimo de socos numa quantidade de tempo e espaço, não irá alcançar seu adversário. De acordo com uma conhecida máxima da fisiologia do exercício, quanto maior o relaxamento de um músculo, maior a possibilidade de contração por parte do mesmo. Uma sequência como esta deve partir de um praticante relaxado e treinado para agir espontaneamente. Um praticante tenso jamais terá sucesso nesta empresa. Para usar Lin Wan Kuen, o praticante deve se deslocar em grande velocidade, avançando com a base Hau Mah.


EXECUÇÃO BÁSICA

No primeiro vídeo, logo abaixo, a pedido de meu estudante Fernando Lempê eu executei Lin Wan Kuen em minha casa, depois do treino, em base estática Hau Mah, para mostrar que, ainda que parado com foco na velocidade, se executado obedecendo o posicionamento, tentando manter os braços relaxados, você terá um soco básico não apenas rápido, mas também pesado, se sua base estiver firme. Abaixe o volume do seu PC.






SiFu Marcos executa Lin Wan Kuen em base estática sobre o Sabao. Uma média de seis socos por seg,


Para que o soco seja executado de forma eficaz é preciso já ter dominado a mecânica básica há algum tempo. Os braços alternam-se indo e vindo sem que os dois pulsos jamais saiam da linha central do corpo, tomada aqui como a menor distância entre você e seu alvo imediato. Como o soco do Wing Chun vem de baixo para cima, quanto mais próximo os braços passarem um do outro sem se tocar, mais eficiente será o gesto técnico, uma vez que principalmente a volta do braço que socou perfaz necessariamente um pequeno círculo para que a mão da vez siga reta em direção ao alvo. A manutenção dos braços em boa altura também dá ao executante a possibilidade de cambiar para outra defesa, uma vez que a posição de saída do soco é mesma de saem o Tan Sao, Wu Sao, Fuk Sao, etc. originalmente na forma Sil Lin Tao. A força deve vir do posicionamento e uso correto do cotovelo e do avanço da base, uma vez que você não tem muito como envolver o ombro ou quadril no movimento quando executado a toda velocidade. 

Repare nas fotos abaixo, Nelas eu posiciono minha filha na base Hau Mah. Hau, em cantonês, significa "atrás". Isso leva muitos instrutores a crer que o peso do corpo deva ser sustentado pela perna de trás. Uma vez na posição fundamental Yee Je Kim Yeung Mah, que guia todas as outras, basta colocar um dos pés atrás, guiado pelo ângulo da perna que ficou à frente, e temos a base. Não é possível acompanhar bem o adversário num primeiro momento se o peso não estiver distribuído igualmente entre as duas pernas. A execução básica desta técnica supõe que você consiga desferir pelo menos 3 (três) socos no espaço de 1 (um) só passo. A depender do movimento, vamos avançar com a perna da frente ou com a detrás, mas perna que vai à frente "chuta" rápido e rasteiro, dando um arranque que ajuda a perna de trás. Existe uma outra maneira de fazer a mesma técnica, que é quando o adversário foge ou cai muito longe de você, neste caso, você o seguirá socando por onde ele for. Neste caso, o peso será empurrado com a perna de trás, dando passos muito grandes, o número de socos cairá drasticamente e a força poderá aumentar um pouco. Vou entretanto me concentrar na forma mais simples, neste artigo. 








COMO E QUANDO SE DEVE USAR E O QUE NÃO SE DEVE FAZER. COMO EVITAR ERROS E FAZER COM QUE A SEQUÊNCIA FUNCIONE PARA QUE SE OBTENHA O NOCAUTE.

Veja o vídeo abaixo. Nele eu oriento meu estudante pernambucano Dido, então um iniciante em seus primeiros passos com a técnica, usada depois de Tan Da, chamando a atenção para o primeiro soco da sequência.O Tan Da é uma técnica que defende e ataca quase ao mesmo tempo, e funciona na prática como seria um direto no boxe ocidental. O passo em Toy Mah permite um forte giro de giro quadril e que se envolva o ombro no soco. Quando bem colocado, o direto usado no Wing Chun tende projetar adversário para trás. Este um dos momentos mais propícios para o uso do Lin Wan Kuen; por isso mesmo estar numa base estável e com o peso distribuido igualmente entre as pernas é tão importante. A partir do momento em que o oponente acusar o golpe inicial haverá poucas frações de segundos entre hesitar e seguí-lo em seu movimento para trás. Caso seu peso esteja muito concentrado na perna da frente ou na atrás, isso será muito mais difícil de ser feito. Ao avançar para o Lin Wan Kuen o praticante deve lançar o primeiro soco concomitantemente ao avanço da base, da forma mais relaxada e menos tensa possível. O objetivo é que o intervalo entre a primeira pancada, mais forte e a saraivada seja o mais curto possível; dessa forma, a sequência repetida de pancadas na cabeça compensará a falta de força nos socos subsequentes. É este balançar ininterrupto da cabeça que leva o oponente ao nocaute.





Caso o praticante se habitue a mover-se com a base para então começar a desferir os socos, neste caso específico ele poderá até acertar o primeiro soco, mas é provável que os que vierem depois não tenham mais alcance e sejam deferidos no ar, a esmo. Isso dará ao seu oponente a chance de recompor ou mesmo contra-atacar em seguida. Outro problema muito comum é que os praticantes superestimem o poder do soco de curta distância e desfiram os socos perto demais do oponente, "martelando" os golpes, de forma caricatural semelhante àquele brinquedo Lango-lango, sucesso nos anos 80. Isso irá apenas massagear seu oponente, dando a este último ainda facilidades no revide ao mesmo tempo em que você tenta golpeá-lo. 




No vídeo que encima este parágrafo eu procurei filmar uma sequência para ilustrar este artigo (peço desculpas pela má qualidade do vídeo) em que meu aluno me ataca por um dos lados, sem avisar se o golpe virá em cima ou embaixo. A mão traseira dele fica mais distante propositalmente. Eu devo fazer a primeira defesa com soco, mudar a base para segui-lo e encurtar a distância sem perder o ritmo, mantendo, assim o alcance para que todos os meus socos terminem no alvo. O cotovelo deve ficar quase esticado, o braço na média para longa distância, para se aproveite ao máximo o deslocamento para frente.

É importante frisar que o efeito devastador desta técnica contra leigos em ambiente aberto pode não se repetir quando se luta com alguém mais experiente e preparado. Seja como for, o fator surpresa para quem nunca foi atacado desta forma dá uma boa vantagem ao praticante de Wing Chun. Numa luta mais controlada, essa sequência deve ser usada de forma mais frugal e oportuna.Numa luta esportiva o nocaute é conquistado de forma mais paciente, elaborada e demorada. 


O QUE FAZER DEPOIS DA SEQUÊNCIA? UM PLANO "B".

"Na prática, a teoria é outra coisa". Para a maior parte das escolas de Wing Chun, Li Wan Kuen é um recurso importante, e muitas vezes não há muito mais que isso em seus arsenais de combate. Mais perigoso que subestimar uma técnica é superestimá-la. Em minha visão esta técnica é um recurso que junto à facilidade de execução traz também alguns problemas, a saber: é cansativa, e o andar mecânico para frente expõe o flanco, dificultando tanto um complemento ofensivo quanto a retomada da defesa. Avançar com uma sequência de socos que vem de baixo para cima sem uma defesa prévia implica expor-se ao contra-ataque impiedoso por parte de quem usa socos mais convencionais. Ainda que a sequência vá bem, o fato de empurrar o oponente para trás exige algum tipo de complemento que também deve ser treinado junto à técnica depois de dominada, como cotoveladas (especialmente Kwai Jian, que pode passar por cima da guarda), joelhadas e  chute frontal (principalmente quando se perde o alcance com os socos). Uma opção é cobrir-se mudando a direção do corpo, golpeando na área oposta, ou ainda cobrindo-se com passo para trás e voltando com outro tipo de contra-ataque. 


EPÍLOGO

Este é provavelmente o último artigo do ano e um presente de despedida para os leitores do mundo inteiro que me leem e acompanham o blog, mesmo ele sendo escrito em português. Hoje temos uma média de 2.500 a 5.000 leitores por mês. Peço àqueles que utilizem este texto ou parte dele que citem a fonte, uma vez que os textos deste blog estão protegidos pelas leis de direitos autorais. Ao lado do artigo sobre as limitações do Wing Chun no ringue, este é um dos principais artigos que escrevi este ano e sei do potencial dos mesmos. Lin Wan Kuen é uma importante técnica do Wing Chun, mas devo dizer que é muito mal utilizada e em geral é uma vergonha assistir vídeos sobre o tema na internet, e quis dar uma ajuda nisso. Espero que o artigo ajude-os a bolar bons treinos, e para aqueles que dominam a técnica ou a façam um pouco diferente, seja uma boa segunda opinião. A melhor maneira de saber se o que escrevo funciona para quem me lê é ler, aqui mesmo, críticas e sugestões.

Desejo um final de ano e boas festas a todos. Que 2014 seja um ano melhor para todos. E que venha a Copa do Mundo!

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* Lin Wan Kuen é a forma escrita. Quando falado, diz-se Lin Wan Choi
**SiTaiGung (Mestre-Bisavô) é a posição de Yip Man em relação a SiFu Marcos na genealogia do sistema. N.A.



domingo, 24 de novembro de 2013

MINHA VIDA NO KUNG FU - Depoimento por Ricardo Dantas

Sou Ricardo, 36 anos, da cidade de Picos interior do Piauí, resolvi escrever um resumo sobre minha experiência com as artes marciais em especial o kung fu wing chun, onde tenho uma vivencia de quase duas décadas (março de 2014 farei 20 anos de wing chun), até os dias atuais treinando Applied Wing Chun com Sifu Marcos Abreu, para mostrar minha satisfação nesse meu novo caminho 

Ricardo viu em SiFu Marcos a chance de ter acesso à técnica original da luta

Ricardo viu uma nova maneira encarar a relação pessoal com um Mestre


Todo amante de artes marciais com mais de 30 anos, deve ter assistido muitos filmes de kung fu pela rede Bandeirantes, lido os livros do Marco Natali, e treinado as técnicas dos mesmosPois comigo não foi diferente. Fui influenciado por tudo isso, comecei nas artes marciais bem pequeno querendo aprender kung fucomo não tinha na cidade iniciei no Taekwondo, depois aprendi com um amigo a Capoeira. De 1989 a 1990 treinei Karatê Goju Ryu (parei de treinar porque o Sensei foi embora), arte marcial que até hoje tenho um grande respeito, mas queria treinar kung fu em especial o  wing chun. Em 1993, li uma matéria na revista Combat Sport onde tinha os endereços de professores de Wing Chun da UNK, o mais próximo era um Sifu do Ceará, iniciamos os treinos em março de 1994, em 1995 formei um grupo, em 1996 abri uma academia na minha cidade, fui campeão estadual em luta. Nesse período a UNK já estava representando o Sifu Chow, de 1997 a 1999 tinha grupos de treino em outras cidades, tive alguns alunos que vieram da linhagem Moy Yat

Ricardo comemorando vitória em campeonato


Em 1998 iniciei no Tai Chi Chuan estilo Yang com o Sifu Ocimar Barbosa de Teresina, passei o ano de 2001 morando em Teresina onde dava aulas em três academias da Eugênio Fortes (maior rede de academia do estado), nesse período fiz sucesso com o wing chun, até mesmo porque em Teresina era muito pobre de wing chun, tinha muito wing chun de livro como chamávamos Conheci em Teresina um professor de wing chun que dizia ter treinando com Li hon Ki em São Paulo, mas não gostei da forma como ele me mostrou o sistema que no futuro por ironia se tornaria o sistema onde compreenderia melhor meu wing chun (isso é um exemplo de como é importante termos um sifu que saiba passar o sistema). Continuei treinando o sistema da UNK até 2003,  eu já tinha o nível de Biu Jee na década de 90. Em 2004 fui treinar em Fortaleza-Ce, o sistema da WT hoje ISMA, apreciei algumas ideias, mas por questões pessoais resolvi continuar treinando independente. Sempre mantive contato com o meu primeiro Sifu da UNK, onde até hoje tenho um enorme respeito e admiração por me ajudar tanto no meu caminho do kung fu. 
                                                                             

Com seus dedicados colegas. Tempos na linha de Sifu Chow, muito respeitada no Brasil.
                                                                                                                                                                                                                                                                                           



Ricardo com os colegas de outro estilo de Wushu




Em novembro 2013, voltei a Salvador, Sifu me recebeu na casa dele juntamente com seus pais o Sr. Israel e Dona Margareth os quais me receberam muito bem, me deixando a vontade, fiz um ótimo treino, agora mais ainda compreendendo uma arte marcial tão eficiente como é o wing chun ensinado pelo Sifu Marcos Abreu. O mesmo me explicou  técnicas que até então tinha dúvidas de como aplicar de forma eficiente. Sou um amante, praticante, lutador e pesquisador das artes marciais, em especial o kung fu Wing Chun e Tai Chi Chuan, nesses quase 20 anos de wing chun lutei em dois campeonatos sendo campeão e vice, troquei várias experiências de lutas com praticantes de diversos estilos de kung fu, e outras artes marciais, tive na década de 90 um Si Hing que era um lutador amante das lutas de vale tudo, treinei muito com ele não só wing chun mas também jiu jitsu, eu pretendia fazer vale tudocomo todo praticante de arte marcial que gosta de luta e lutava bati muito, mas também apanhei muito sempre buscando aplicar o wing chun, e percebia que tinha técnicas treinadas que não conseguia aplicar nessas lutas, não sou leigo e sempre muito crítico em relação a artes e professores que se dizem deter capacidade de super defesa pessoal, o estilo infalível, técnicas secretas e tudo mais, tive a oportunidade de conhecer e treinar wing chun de quatro linhagens, e sei discernir pelo menos pra mim o que possa ser bom ou não, nesse caso nas artes marciais, então acredito que encontrei o que buscava, um sistema e Sifu que possa me mostrar o norte no meu caminho do kung fu. Sei que cada um encontra o seu caminho, o que é bom pra um pode não ser para outrem, e esse está sendo o meu caminho com muita satisfação.  Seguem abaixo as fotos de minha trajetoria...



Com antigos parceiros de treino


...e nos tempos atuais, aplicando Din Choi (Soco Arco e Flecha vide texto sobre Luk Din Boon Kwan) com excelente técnica. Nunca é tarde para um recomeço.


Sempre que podem todos os irmãos-kung fu treinam junto com os iniciantes. Humildade é palavra de ordem da escola

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Destrinchando o Muk Yam Jong, o boneco de madeira do Wing Chun, em uma análise de caso. Parte II

Pois é, assim como o personagem do game Tekken, Mukujin ( 木人) lit. Pessoa de Madeira, Uma corruptela de seu alter ego, Muk Yan Jong ( 木人...