quinta-feira, 2 de julho de 2015

Destrinchando o Muk Yam Jong, o boneco de madeira do Wing Chun, em uma análise de caso. Parte II

Pois é, assim como o personagem do game Tekken, Mukujin (木人) lit. Pessoa de Madeira, Uma corruptela de seu alter ego, Muk Yan Jong (木人樁), Pilar do Homem de Madeira, hoje no mínimo você se liberta de algumas ideias prontas quando se trata de treinamento chinês tradicional. 


Vou começar pedindo ao leitor que viu a sequência que escolhi para análise na primeira parte deste artigo que assista o vídeo abaixo em que executo informalmente a nona seção do boneco (em duas partes complementares para os dois lados), repare novamente nas fotos em destaque, e, depois de ler as legendas e visualizar melhor a movimentação, tente imaginar você mesmo uma aplicação lógica para os dois últimos movimentos da sequência numa luta livre, sem medo de errar. Por enquanto peço ao leitor que desconsidere os movimentos finais que se repetem por cada uma das onze seções da forma. Vamos lá?

A propósito, mais abaixo coloquei duas fotos do próprio Patriarca Yip Man* executando os movimentos para que haja uma melhor contextualização do posicionamento. 



Antes de ir a um evento beneficente pedi a minha filha pequena para me filmar fazendo a sequência de forma lenta e fluída.


Como a interpretação mais óbvia dos primeiros movimentos foi abordada na primeira parte da matéria, vamos nos deter nos próximos movimentos abaixo:




1. Bong Sao. SiFu Marcos caminha para a sua direita enquanto executa o movimento com seu braço esquerdo. A mão de trás (direita) fica em Wu Sao (護手), uma guarda clássica de vários estilos de Kung Fu. Em seguida, um pequeno semi-passo seguido de pivô e,


2. Tan Da Chai Gerk. Tal como na forma Sil Lim Tao, o Bong Sao da foto anterior (braço esquerdo) se transforma em Tan Sao dando uma ideia de transformação e fluidez.  a perna de SiFu Marcos sobe na transição e logo desce para um forte pisão na "perna" do Muk Yam Jong. 


3. Na foto, fica mais claro o deslocamento lateral do Grande Mestre para sua direita.



4. Embora a sequência se feche pelo mesmo lado, esta foto vista pelo lado oposto mostra melhor tanto a profunda simetria quanto a semelhança conceitual entre os movimentos da perna e do braço embora, na forma, a função da perna seja o ataque simultâneo à defesa na parte de cima



Bem, aí você me faz lembrar que o exemplo de aplicação que mostrei na primeira parte do artigo não seria muito diferente de "lutar" contra o boneco. Realmente. A defesa era feita na forma por dentro (Noi Moon) dos braços do boneco e o exemplo aplicado da mesma forma. Concordo. Mas aquela não é a única interpretação possível. Eu poderia, por exemplo, ter feito a mesma técnica defendendo pela "Porta de Fora" (Oi Moon) que inclusive é mais comum em nossa escola. Confuso? Vamos ver o que acontece se interpretarmos as defesas literalmente como vemos na forma e as colocamos tal como são na aplicação solta, vejamos o Bong Sao: 



5. Oops, saiu algo errado. Deve ser porque o João socou de cima pra baixo.



6. Soco de Wing Chun de baixo pra cima, mesmo resultado. Ainda que o oponente tivesse socado com o outro braço nos dois casos o resultado não teria sido muito diferente. A defesa não é impossível, mas muito difícil, nesta postura.


Bong Sao (膀手) em cantonês quer dizer, literalmente, braço alado. Podemos ficar aqui imaginando as origens históricas do termo, se teria sua origem na imitação da asa garça, uma vez que também há movimentos que mimetizam a movimentação da serpente, outro animal simbólico associado às raízes históricas reais ou imaginárias do sistema Wing Chun, a depender do estilo abordado. O fato é que, hoje, três séculos e meio de evolução depois, é melhor dizer que não imitamos mais os movimentos ou a forma física dos bichos míticos, mas o comportamento dos mesmos em combate, suas estratégias, por isso mimetizar a movimentação do animal deixou de ter importância. Sendo assim gostaria de apresentar uma outra tradução do termo, que, como verbo, poderia ser traduzido como "parar". Observe a foto abaixo, onde o Bong Sao é executado no exercício Tang Chi Sao (單黐手): 



7. Bong Sao em Tang Chi Sao



Neste caso o Bong funciona tal foi idealizado originalmente porque ambos os jogadores estão posicionados de forma ideal e já tem, de saída, o contato, ou seja, a sensibilidade tátil para ANTECIPAR a movimentação do oponente de acordo com a teoria do sistema. O próprio exercício foi desenvolvido para que se exercite a teoria de forma lógica e sem pensar, por instinto. Repare que a mão do oponente não consegue sequer sair para desferir propriamente o soco. Em situações em que treino a "anti-esgrima" com meus atletas do MMA**, este movimento, em especial sua versão mais baixa (Dai Bong Sao) é usado para que o adversário não acesse sua cintura ou axila no trabalho de grade.

Contudo, uma vez que o soco seja disparado de longe, a defesa exatamente como feita originalmente não surtirá efeito. Não importa o quão boa ou bem posicionada seja a defesa, ela não irá "parar" nada, pois só pode fazê-lo interceptando na saída. No boneco é a mesma coisa. O posicionamento e o contato com "membros" do mesmo ocorrem na curta distância, os movimentos, como nas demais formas, são "elementos técnicos" chaves-mestras, não movimentos especializados. Todos sabem, em qualquer cultura, o que é um triângulo, mas um triângulo é antes de tudo uma ideia que pode assumir diversas formas, ainda que obedeça aos princípios que o definem como tal. Assim sendo, para a média e longa distâncias, posições em que é também preciso saber lutar Wing Chun há que se fazer uma adaptação dinâmica e passível de mudança todo o tempo, de forma aguda (no calor do momento) e crônica (adaptando-se às mudanças cíclicas das estratégias e modismos das artes marciais, mais do que nunca conectadas pela era da informação e do esporte de contato). 


Vejamos uma possível interpretação literal técnica que se segue: 



8. Tan Da Chai Gerk em Wing Chun San Sik



Parece um pouco melhor, não? Particularmente eu acho a foto um bocado bonita. É meio exótica, não lembra um pouco uma figura de Shiva***? Executo em cima novamente um Tan Sao com Dai Jeung só que desta vez pela "porta de fora" com um forte pisão (Chaai Gerk踩腳) na perna da frente. Gosto de fazer alguns movimentos variantes deste durante a prática do Seung Chi Sao (雙黐手), mas, cá pra nós, não parece ao leitor uma técnica com um grau de alto de dificuldade de aplicação numa luta solta? Se o sujeito estiver avançando com dois movimentos rápidos, qual a possibilidade que teremos de nos adaptar sem sermos atingidos e/ou jogados para trás com o impulso do oponente, principalmente se ele vem com tudo, como ocorre com frequência nas lutas de lutas de rua? 

Eu gosto bastante do simbolismo dessa técnica, e gosto da possibilidade de pisar a perna da frente do meu adversário lutando contra atletas, coisa que faço muito em meus combates, mas note que a própria combinação já admite que você deve estar precavido na parte de cima. Vamos ver agora uma adaptação alternativa para as duas técnicas, sem desrespeitar a teoria do sistema, com a ajuda de meu aluno Fabio, estudante do nível Chum Kiu (尋橋):

9. Vai rolar agressão. Hau Mah.


10. Bong Sao adaptado com Jam Sao como mão de guarda. 

11. Bong se transforma em Tan, em cima, e Tan Lan Gerk em baixo

12. A mão livre segue para a frente em Yat Ji Jung Choi


13. Meu aluno João (calção vermelho) aplica a técnica durante luta de Muay Thai. Alguns anos depois ele nocauteria com técnica de Wing Chun no mesmo estádio, sagrando-se campeão estadual.




Na sequência acima temos uma situação onde na iminência de rolar um combate, já posiciono minha perna atrás na base em Hau Mah (foto 9) levantando as mãos o mais rápido possível. A um aluno meu aconselharia a bater primeiro, mas a depender da situação isso não é possível. Em lutas de rua quem bate primeiro quase sempre vence, e a possibilidade de defender algo que vem de lá é muito mais alta quando se tem os dois braços erguidos. Note que a partir do momento em que muda a minha base e meu corpo fica por algum motivo um pouco mais de lado, muda-se o referencial de Linha Central que sempre deve ser lida como a menor distância entre você e seu adversário. 


Fábio lança um atípico direto de esquerda (foto 10). Não importa. Fosse de direita a defesa seria a mesma, você não terá tempo para escolher. No Wing Chun real não ficamos esperando "ver" o golpe para depois escolher qual defesa fazer, pois isso quase nunca funciona. Com pequeno passo para trás eu cubro meu rosto com Bong Sao, com um Jam Sao (枕手), (ou Pow Jung Sao em algumas escolas) eu ajudo a melhorar a cobertura em cima. Escondo meu queixo um pouco atrás do ombro, cancha de combate, enquanto expondo meu cotovelo contra os dedos de Fabio. Caso o oponente esteja sem luvas, existe uma possibilidade real de fratura. 

Junto com o movimento de defesa meu corpo acompanha a trajetória do golpe girando para minha direita Mencionar este giro é fundamental para que o leitor acompanhe a dinâmica de transformação de um elemento técnico "simbólico", recurso recorrente nas AMTC***, para uma técnica de luta específica e que deve ser treinada exaustivamente para que funcione. Quando eu trago meu quadril durante o passo em Bong Sao no Muk Yan Jong e eu estou na verdade apenas repetindo um padrão presente na segunda forma Chum Kiu (
尋橋), quando andamos numa espécie de base híbrida. Pense, a técnica não foi bolada assim à toa, temos de ser perspicazes para interpretar. Você não está em Toy Mah (Empurrar a Base), mas em Joh Mah (Girar a Base). Este padrão será repetido, mas como técnica mais acabada, na forma Baat Jam Dao (八斬刀), com as facas. Lembre-se não há nada no Muk Yam Jong que não seja praticado nas formas anteriores. O número 108, usado desde tempos imemoriais associado à medicina e artes marciais orientais, significa domínio pleno sobre um ciclo e  sua conclusão. Não à toa Yip Man associou a forma a este número poderoso.   






14. Na foto executo Bong Sao andando em base "híbrida" durante a forma Chum Kiu (尋橋): caráter simbólico e adaptável das técnicas de Wing Chun. 





Bong Sao em Muk Yan Jong sempre "chama" outro movimento complementar, para finalizar a sequência, pois nunca é um fim em si mesmo, estático, mas um movimento de transição, como os são o pequeno e grande Gahn Sao e Kwan Sao (que também é composto por um Bong) e que são repetidos com ele por toda a forma em movimentos que invariavelmente fazem uma trajetória espacial de base triangular pelo chão, em torno do boneco, como se se abrissem e fechassem "portas" de ataque, defesa e ângulos todo o tempo. Isto te dá uma dica importante para bolar treinamentos de técnica de luta dois a dois do tipo "pergunta e resposta" compostos de dois ou três movimentos. Esqueça essa ideia idiota dada por mestres de pensamento curto que dizem que você irá resolver tudo num só movimento, a partir de uma base estática, que ficar fazendo lutinha ali vai fazer alguma diferença. Tente ler a mensagem que a forma te passa. Está tudo ali. Não a subestime jamais. Um mestre só pode lhe ensinar metade do sistema, o resto você terá de pegar sozinho. Wing Chun foi sabiamente desenhado assim por nossos ancestrais. Estará sempre protegido das pessoas de menor perspicácia. 


Continuando a sequência (figura 11), aproveitando a biomecânica favorável à transformação do "Bong" em "Tan", recorrente por todo o sistema, executo o contra-ataque seguindo essa lógica cíclica Bong/Tan. Uma vez que você tenha treinado esta combinação ficará muito mais rápido levar seus membros para o espaço "vazio", pois é para lá que você deve correr com sua técnica de Wing Chun todas as vezes que cobrir um lado. Independente de ser ou não atacado, você deve correr para fechar a área que você abriu, e não pode de forma alguma esperar pelo adversário. Essa tem de ser uma reação automática, de forma que você não tenha de pensar na defesa, mas no ataque! No caso, pelo hábito de realizar a defesa previamente, milhares de vezes, minha perna já sobe antes mesmo de Fabio chutar, fazendo ambos, perna e braço, um bloco que fechará toda a área. Em geral, praticantes de Wing Chun esperam para tentar "ver" e sem seguida pisar o chute, ao invés de cobrir. Não é preciso dizer o quanto isso pode ser falho, se você errar o tempo. Se você fecha toda a área, fica mais fácil inclusive de pisar sem levar um chute no queixo. O soco concomitante à defesa visa principalmente coibir um contra-ataque, pois muitos lutadores, em especial os de Muay Thai podem te socar mesmo que você segure a perna deles em pleno ar.

A foto 12, embora um tanto borrada, mostra a defesa completa. É como se se meu lado direito inteiro estivesse protegido por um grande escudo enquanto golpeio reto como uma espada. Repare que o peso do corpo pende levemente para a frente na aplicação, enquanto a perna de apoio fica um pouco mais atrás. Isso visa que o peso do chute do oponente não me jogue no chão. Fabio é bem mais leve do que eu e não corro perigo. Mas e se fosse o contrário? Lembre-se que no Wing Chun já pressupomos de saída que nosso adversário é maior, mais alto e mais forte do que nós.


Por fim, a foto 13 é para fazer o leitor desconfiar um pouquinho que entendo do que recomendo. Nela, meu aluno João Gilberto, depois de oito meses treinando esta técnica comigo, a aplica num campeonato lutando contra um Thai boxeador. Muitos lutadores depois dele, treinados direta ou indiretamente com esta técnica que eu trouxe ao Brasil com outros irmãos kung fu, e depois adaptei um pouco à nossa realidade, a aplicaram em combate com sucesso. A técnica de Wing Chun aplicada em combate que apresento a vocês não é tão plástica quanto se vê comumente nos vídeos, mas é perfeitamente passível de verificação prática. Acreditem, dado o baixo nível técnico do Wing Chun no mundo inteiro, isso é um bocado de coisa.




Esperar para defender tudo o que chega quase nunca funciona. Infelizmente essa é tida como uma das principais estratégias do Wing Chun e o estudante é levado a crer que, se treinar bastante, um dia terá a habilidade final de tudo defender. Pessoas jogam anos de suas vidas de treino fora tentando "reagir", quando a real teoria do sistema envolve "antecipar".  





Conclusão


No texto anterior combato algumas ideias que, embora pareçam ter uma lógica aos olhos do leigo, não são menos equivocadas a respeito da prática com o Muk Yan Jong. Vamos recapitular? 

1. Não se "luta" contra o boneco propriamente dito, ao contrário do que se possa imaginar. Esqueça essa ideia idiota. Quando da execução da forma não se está enfrentando necessariamente, obrigatoriamente, pelo menos, um oponente posicionado de frente pra você, contorcendo-se para pegá-lo pelos flancos. As técnicas podem ser interpretadas individualmente em ângulos e ordem cronológica de encadeamento diferentes dos de uma luta literal (e unilateral) contra o boneco. Libertar-se deste equivoco te dará a possibilidade de entender um "segredo" sobre a prática do boneco que esteve ali para você o tempo inteiro.

2. Alta velocidade de execução da forma não denota habilidade do praticante. De fato, o Wing Chun foi desenvolvido para pessoas que não são rápidas ou talentosas, você usa a técnica e a estratégia do estilo, baseados em leis da física e visão objetiva e simples do combate para quebrar o ritmo do inimigo. A prática da forma com velocidade excessiva torna as posturas defeituosas e gera maus hábitos que refletem ignorância a respeito da real função do aparelho. Pense que você defende e ataca ao mesmo tempo frequentemente; isto te obriga a posicionar bem o corpo para reagir explosivamente. Como fará isso tendo de se movimentar em torno do aparelho todo o tempo?

3. A visão utópica e alienante das escolas de que apenas saber a forma e prática-la tal como se apresenta em sua sequência, sem qualquer elaboração de técnicas de lutas dois-a-dois com consequente treinamento de repetições, adaptações e sparring livre, seria suficiente para que a técnica surja holisticamente de algum lugar misterioso da mente quando alguém estiver tentando te amassar. Acredito particularmente que os mistérios da mente funcionam melhor se você trabalhar bastante com o que você tem para só depois esperar a mágica holística aparecer. Não à toa sujeitos esquisotéricos são fascinados pelo aparelho. 


4. Talvez o mais importante de tudo: nunca praticar no Jong imaginando que está vendo e bloqueando golpes que chegam, parando braços ou pernas a partir de uma posição estática e por demais grudada ao boneco; esta é a ideia mais perniciosa ao Wing Chun de uma forma geral é grandemente influenciada por quem superestima trabalho de Kiu Sao (Braços em Ponte), comum no sul da China em vários estilos e que em nossa luta é expresso no Chi Sao Lap Sao Faat. Essa visão de prática com o boneco é aquela que é passada nos filmes de artes marciais, por ser esteticamente agradável e fortemente impressionável. Existe uma espécie de desespero por encurtar a distância a todo custo. Isso não funciona. Novamente sugiro a leitura de meus artigos anteriores.

Não pretendo aqui esgotar o tema. Nem poderia. Há um mundo de coisas sobre o Muk Yan Jong para serem estudadas, e não apenas tecnicamente, mas histórica e culturalmente. É um assunto fascinante, se encarado com menos exotismo e mais seriedade. A ideia deste artigo foi, a partir de um lance corriqueiro de escola e posterior reflexão, dividir uma visão de utilização do boneco de madeira que acredito que será muito útil e fará com que muita gente comece a empregá-lo de modo mais prático. Aprender a sequência do Manequim de Madeira é fácil. Desmontar a sequência teórica e remontá-la em prática lógicas, estratégicas e aplicáveis de acordo com os conceitos originais do sistema Wing Chun, treiná-las exaustivamente dois a dois para só então aplicá-las em luta é algo raro e para poucos. Gostaria de voltar no futuro analisando os movimentos de transição, estes que não abordei que fazer parte do trecho apresentado aqui. Mas ficará para uma outra ocasião.



Forte abraço.


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*Yip Kai Man (1893-1972) é sexta geração do sistema Wing Chun. Tendo saído de Foshan para ensinar em Hong Kong em meados do séc. XX, seu mais famoso discípulo, Bruce Lee, tornou o Wing Chun mundialmente divulgado e famoso. Uma série de filmes recentes retratando a vida do mestre vem sendo lançados, sendo que os que tem Donnie Yen interpretando o mestre nas telas reacenderam mundialmente o interesse do público por esta arte chinesa.
**Vide texto sobre o autor ou o link "depoimentos" no site http://www.brazilianwingchun.com 
***Lord Shiva é uma das principais divindades do Hinduísmo. Refiro-me às figuras do deus representado na forma Nataraja. Vale dizer que não por acaso a representação de deuses indianos parecem descrever movimentos de artes marciais antigas. 
****Artes Marciais Tradicionais Chinesas.

domingo, 21 de junho de 2015

Destrinchando o Muk Yam Jong, o boneco de madeira do Wing Chun, em uma análise de caso. Parte I

Treinar forte depois de velho, trabalho doloroso. Depois de praticar três vezes os 108 Muk Yam Jong e mais oito rounds pela manhã, não resisti à tentação e fui boxear à tarde.


À primeira a vista a foto acima, em que fui pego meio distraído descansando junto a meu boneco após prática de drills de luta, parece destoar um pouco. Mas foi justamente este contraste, ou melhor, essa íntima complementariedade, que vou provar logo mais ao longo do artigo, que motivou esta matéria. Muito embora o boneco de madeira do Wing Chun, o Muk Yam Jong (木人樁) seja talvez um dos aspectos mais curiosos e fascinantes da prática de Kung Fu para o público leigo, aparecendo com frequência em séries e filmes de artes marciais para a satisfação de praticantes de qualquer estilo de luta, parece ser um pouco estranho estar todo paramentado para sparring perto de um boneco que não irá reagir a seus movimentos. Entretanto, quando alguém imagina para que serve este instrumento, tanto leigos como até mesmo alguns praticantes avançados e instrutores (!) tendem a imaginar que estamos numa terrível e excruciante luta contra o mesmo, espancando-o sem dó em um (suposto, na maioria das vezes) show de habilidade e velocidade, e não raro tendemos a achar vídeos de pessoas lidando assim com ele. 



A gravura faz uma piada, mas reflete como os praticantes de Wing Chun veem o Muk Yam Jong.



Em meu perfil do Facebook as pessoas vem me perguntar, por exemplo, para que serve o "terceiro" braço, e ainda não menos raro eu respondo com a piada do seringueiro, o que mesmo choca alguns não acostumados comigo, tal é a sanha e mesmo fetiche de alguns ao insistir em possuir um exemplar em casa, tal qual aqueles que tem uma esteira ou bicicleta ergométrica no quarto e acham é que a questão é apenas estar sobre os mesmos e se mexer até cansar, sem maiores preocupações sobre o porquê  e como usar o boneco de madeira e o que a sua prática irá trazer de mudanças efetivas para a prática de luta livre.

Evitei até hoje aprofundar-me neste assunto devido à dificuldade de se abordar o mesmo, preferindo falar indiretamente dele para ilustrar alguns conceitos, ou melhor, o que "não fazer" quando se trata se usar o equipamento. Fiz uma critica à visão que os leigos tem do uso do boneco associando-a à alienação promovida por parte das escolas do Wing Chun em prol de visão de combate muito distante da realidade aqui mesmo neste blog, no texto: O Robô Wing Chun aqui e a Cabeça Pensante e não pensei em voltar ao tema senão depois de ter colocado um aparelho de alto padrão em minha escola - bons bonecos são raros ainda no Brasil - e praticar mais constantemente do que já fazia, mas não havia imaginado como abordar o tema. Em um artigo chamado Por que o "treino" de Anderson Silva com o Boneco de Madeira não é tão ruim para o Wing Chun? em meu website fiz também uma crítica da repercussão negativa do fato do fenômeno do MMA ter sido filmado ensaiando alguns movimentos canhestros no mesmo algum tempo atrás.

Até que semana passada, no meu treino pessoal que visa a adaptação esportiva do Wing Chun às lutas de ringue com meu aluno e campeão de Muay Thai, João Gilberto, para melhorar o desempenho de meus atletas de MMA, a seguinte situação ocorreu durante a "trocação", aquela troca franca de golpes que por vezes ocorre (e que nós do Wing Chun devemos evitar gratuitamente) em luta:




Durante a aproximação João joga um cruzado com a mão da frente, visando começar um "combo"  que segue normalmente com direto de direita ou mesmo canelada, por isso mesmo os cruzados no Muay Thai tendem a ser mais abertos que os do boxe, por exemplo. Na segunda foto, ao "ver" (na verdade, se não estiver muito treinado, "ver" apenas não funciona, como abordarei adiante,e no segundo artigo, por isso grave isso!) o golpe chegando cubro automaticamente com um Tan Sao (攤手), para fechar a área aberta, neste caso podendo chama-lo, neste caso, de Gau Sao (手), Mão de Socorro, como pode ser visto, para ficar só em um exemplo simples para iniciantes, na segunda parte do Sil Lin Tao (小念頭), a primeira forma do sistema, seguindo a mão livre para a frente (terceira foto)após a defesa. Depois do sparring deste dia, como se a mesma movimentação tivesse se seguido algumas vezes, discutimos opções para que eu desse sequência à situação e aproveitasse o contra-ataque surpresa combinando com alguma outra coisa pois, ao contrário do que boa parte dos wingchuners pensam, ninguém mata ninguém com um só golpe. Este tipo de defesa, só pra constar, é extremamente sofisticada e uma necessidade quando se confronta lutadores de ringue, uma vez que o soco tradicional do sistema Wing Chun vem de baixo para cima, o que nos deixa frequentemente expostos a golpes que vem do alto. Infelizmente a maior parte dos lutadores de Wing Chun negligencia este fato, pois estão preparados apenas para defender de golpes de outros lutadores de Wing Chun. 

Quando, ao cair da noite do mesmo dia, eu praticava a sequência formal do boneco de madeira antes de receber meu alunos para a aula da noite, despreocupadamente, enxerguei a mesma situação da manhã durante a prática da nona seção do mesmo, segundo a sequência abaixo:


Jong Sao


Tan Sao

Wang Jeang

Bong Sao

Tan Da Chai Gerk


Acredito que seja fácil para o leitor, mesmo o leigo, identificar a situação que ilustrei acima nas três primeiras fotos, mesmo que nesta aplicação espontânea em luta as mãos estejam mais altas. Talvez se eu mostrar o exercício formal de reflexo tátil do Wing Chun, o Chi Sao, em sua forma Tang, unilateral, isso fique ainda mais claro:

Hoi Moon Tan Sao

Wang Jeung


Nas fotos acima eu redireciono o braço de João para fora, criando um espaço que invado na sequência com uma das Cinco Palmas do sistema Wing Chun, Wang Jeung, Tanto na sequência do Chi Sao quanto na forma do boneco de madeira podemos fazer uma analogia com os métodos do Tai Ji Quan uma vez que a ideia é redirecionar a força vindoura de forma suave e com o mínimo de força. Nos dois casos o Tan Sao é feito com um pequeno "gancho" que visa evitar que o oponente consiga dar a volta por cima do seu golpe com facilidade, obrigando-o a fazer um círculo ainda maior que o necessário, o que nos dá tempo suficiente para golpear com facilidade em linha reta, a via preferida do lutador do sistema.

A soma de diferentes treinamentos, simbólicos, de reflexos e uma adaptação para luta com uma técnica montada e repetida centenas e centenas de vezes é que dá a memória muscular necessária para improvisar de forma natural como neste caso que aconteceu como resultado de minhas experiências como praticante e que quis dividir com vocês por aqui. Simplesmente esperar que aconteça na luta nunca funcionará, talvez somente nas raras situações onde temos tempo para fazer bloqueios. Mas bloqueios são lentos e quase nunca funcionam. Gravem isto.

Entretanto, mesmo acreditando ter explicado a situação que motivou a feitura de artigo, ainda não saímos do lugar comum da interpretação do uso do boneco de madeira, uma vez que podemos ainda visualizar a mesma ainda de certa forma como uma luta contra o "Homem de Madeira". Mas e o resto da sequência da nona seção da forma Muk Yam Jong que apresentei acima, qual seria a aplicação em luta da mesma? Será assim tão óbvia de demonstrar um exemplo corriqueiro, literalmente? Se você leu este artigo e os demais que coloquei nos links acima já está familiarizado com minha crítica à prática do boneco associada às vias de fato contra um oponente imediato. Não pretendo aqui, de forma alguma, escrever algo definitivo sobre os 108 movimentos do Muk Yam Jong, o que seria objeto de um livro. Mas acredito totalmente que na segunda parte do artigo eu possa tirar boa parte das dúvidas sobre o assunto e fornecer uma boa luz para os praticantes de Wing Chun de qualquer linha que queiram trazer o treinamento para um outro nível e fazer da prática no boneco mais do que um ritual exótico e imbecil de prática física e suor sem resultados práticos em luta livre.

Continua...

domingo, 5 de abril de 2015

O que você fará com o que aprendeu? A volta do blog do SiFu Marcos e a celebração daquilo que temos.


Dido executa o soco Din Choi que usa o ombro como referencial para a linha central. 


Durante toda a minha trajetória no Kung Fu (功夫) - e lá se vão 23 anos respirando isso todos os dias com toda a força do meu coração - muita gente boa passou por minha vida. Muitas pessoas se foram para não mais voltar e outras ficaram, algumas ainda por perto, e outras pouco mais de longe. Sou grato a todas elas. Mas minha intenção com este texto é dizer que algumas pessoas são fundamentais para te darem pequenos indícios e insights sobre qual é o seu papel no mundo. Precisamos que em algum momento alguém te diga o que o mundo - mesmo que um mundo muito particular - precisa ter de você.

Ainda muito novo tive alguém para me dizer que um dia eu teria um papel dentro daquilo que eu faço em meu país, dentro do mundo particular e multifacetado do Kung Fu. A princípio eu não dei muito crédito, porque eu tinha a meu redor pessoas muito melhor dotadas de talento e eu não imaginava como vindo de onde vim e sendo tão pobre eu poderia chegar a algum lugar nas artes marciais. Mas também é fato que muitas dentre as pessoas dotadas de talento não se esforçam o suficiente para explorar seu potencial e nunca saberão onde poderiam ter chegado se simplesmente tivessem continuado. Então, mesmo sem grande talento para o Kung Fu, continuei, e provavelmente por não ter este talento todo, ser realmente chinfrim, treino mais do que outra pessoa que já tenha conhecido pessoalmente em meu ramo.

João em treino na Tailândia: atenção para o maior bem que temos em nossa escola, os estudantes



Uma das coisas que mais me incomodam a esta altura da vida é não ter tido o reconhecimento que achei que deveria ter tido; não um reconhecimento egoísta, vindo somente do ego e para alimentá-lo exclusivamente, mas aquele que me desse mais forças para continuar a fazer o mais amo, lutar e treinar Wing Chun Kuen (拳), coisa que em geral faço de forma muito natural, pois às vezes, como todo mundo, desanimo e me sinto sem forças. Sinto vontade de desistir. Mas insisto, pois sei quem eu sou e qual o meu papel, e mais que tudo, tenho compreensão plena da extensão de meu poder pessoal. Eu sei não posso fazer nada em relação a fatores externos maiores que minhas forças, ou consertar o passado. Mas há algo que eu posso, sim, fazer. Cuidar para que meus estudantes não tenham este tipo de frustração. Isso eu posso fazer. Olhar para trás e saber que fiz o meu melhor, de forma honesta, respeitando os valores de minha arte marcial. E que meus estudantes terão tudo a seu alcance para que superem seu mestre.


Conversando hoje pela manhã com o meu aluno graduado em Wing Chun João Gilberto Silva​, que começou comigo ainda menino (ele também é professor de Muay Thai e atual campeão baiano em sua categoria de peso, tendo nocauteado um de seus adversários com uma sequência previamente treinada aqui na escola), durante o preparo do almoço antes do nosso treino da tarde que terminou inda há pouco depois de seis rounds e mais 4 kg perdidos, lembramos do cara que, com todo o respeito a todos os meus demais alunos pelo Brasil, considero o disparadamente mais técnico praticante de Wing Chun de sua geração que já passou por minha escola, o Aldary Lucena Paiva Neto. Aldary? falando assim talvez poucos dos meus leitores o reconheçam, pois é mais conhecido nas artes marciais como o blogueiro Dido. Acredito que seja, considerando apenas sua técnica pessoal, um dos poucos praticantes deste país realmente com um nível para estar entre os melhores, não apenas do Brasil, mas do mundo, em nossa linhagem. Sim é isso mesmo que você acabou de ler.

João falava-me do Dido entre risadas na resenha costumeira de quando cozinhamos juntos, dizendo, como outros, a exemplo do Lucas Forrest, outro aluno que me fala muito dele​, como é agradável conversar com Dido ao telefone. Dido é a imagem daquele cara "legal", "pra frente" com quem dá gosto conversar. Lembrei-me então que das últimas vezes que Dido me ligara, como ontem, estou sempre correndo, falando de problemas e esquecendo de rir junto, dizendo que tenho de ir e que ele me ligue depois. E isso é um grande erro.

Quando Dido está na cidade geralmente o coloco para ajudar os iniciantes, como ele faz com o jornalista Pedro Moraes nesta prática de Tang Chi Sao


Dido escreve, tem banda de rock, desenha, é multimídia, por assim dizer. Não sei como ele arruma para fazer tantas coisas, e bem. Talvez seja um tanto leviano especular, mas talvez ele seja um destes hiperativos, encarando isso como algo positivo. Casado com a Angel​, que talvez não por acaso também seja blogueira, constrói casa, rala duro nos plantões em seu trabalho em um grande hospital. E treina. Talvez isso seja o que mais me agrada nele. O fato de não vacilar com os treinos. Nem sempre foi assim, desconfio aqui com meus botões. Durante o primeiro nível, quando o questionei sobre a falta do equipamento pessoal de proteção que é indicativo sobre quem está treinando, uma vez que os treinos formais do Wing Chun são doloridos para quem não faz uso deste equipamento, perguntei, à época, a quem ele queria enganar. Que ele poderia me dar desculpas, mas que mentir para si próprio não era apenas triste, mas vergonhoso e deplorável. Que ele não fazia nenhum favor em treinar ou não. Que o dinheiro e o esforço que ele fazia para viajar, afastando-se de sua terra, trabalho e família era antes de tudo para benefício dele próprio, não meu. E o fiz repetir o primeiro nível inteiro, ao invés de ensinar-lhe coisas novas, como havia sido acertado de véspera. Confesso que tive medo que ele sumisse da escola, que achasse que eu queria apenas explorá-lo financeiramente ou algo do tipo. F***-se, pensei. Não iria arriscar a reputação minha escola logo no comecinho tendo estudantes ruins. Como gosto de dizer a quem chega: nossa escola é para todos, mas nem todos são para a nossa escola. Nada pessoal. É comum apostarmos aqui entre nós quem vai ficar ou não na escola. E quando alguém de que não gostamos desiste, há uma espécie de comemoração, como no filme Tropa de Elite. Não que sejamos uma caricatura de escola militar. Não exijo que ninguém que aqui venha seja um atleta. Mas exijo que todos, no momento que aqui estejam, deem nada menos que o máximo de si. Reconheço, para o desespero de alguns dos meus alunos mais preocupados com a sobrevivência da escola, e que detestam meu estilo "sincericida", expressão criada pelo Victor Nunes, que não é algo bom para se dizer em uma atividade também comercial como a minha. Mas é justamente isso, essa sinceridade de propósito que garantiu o respeito que temos até hoje.


Lembro que quando Dido veio entretanto para começar o segundo nível aqui em Salvador, à medida que os dias passavam que uma vez que eu tivesse algumas das técnicas de dois tempos comuns ao Chum Kiu (尋橋), não me lembro de tê-lo acertado uma só vez, e ao perceber isso não consegui fazê-lo, deliberadamente, nos treinos formais, mesmo com ele executando técnicas compostas particularmente difíceis como Gahn Sao (耕手). Lógico que treino é treino e luta é luta, e tenho curiosidade sobre ele se sairá quando chegar a hora certa e o exigirmos aqui pra valer, se esse primor técnico irá aparecer, mas a uma conclusão chegamos eu e João, neste papo durante o preparar do almoço, ao som de The Bamboos. Mas já concluo.


Dido ainda é só um iniciante. Às vezes gostaria que ele escrevesse menos, e menos ainda sobre assuntos e temas de Wing Chun Kung Fu que ele não domina como parte de sua própria carne, pois é isso que um verdadeiro artista marcial, o de verdade, faz; crava o conhecimento a ferro e fogo em sua carne. Tanto seu modo de luta e suas atitudes de homem devem fazer que uma arte marcial viva literalmente em seu modo de se expressar. Como muitos que estão nessa sanha pelo crescimento nessa arte marcial, ele faz isso passados já dos trinta anos, e temo que ele se torne como tantos que conheci ao longo destes anos; uma droga de um político sedento de poder e influência, como acabam ficando todos, ou pelo menos a maioria no mundo das lutas absolutas, que defino como as lutas com foco técnico-mecânico-histórico na famigerada defesa pessoal, onde se esconde a maior parte dos covardes que tem ojeriza a luta, mas adoram lucrar e exercitar sua vaidade através das mesmas. Quando o Aldary publica algo em cascata em várias comunidades, eu penso comigo "Porra, Dido, p**a que pariu, cara, vai treinar, car***o!". É o que penso. Mas quem sou eu para julgá-lo?


Se Dido será um bom lutador ou não eu não sei. Há uma diferença entre fazer técnicas com os compadres e lutar de verdade; muitas vezes uma técnica elegante não resiste ao estresse físico e psicológico, o calor do momento separa homens despreparados de guerreiros, e por mais que se possa trabalhar em cima disso, para alguns realmente não adianta muito. Como já passou dos trinta, se também vai subir ou não num ringue para se testar é com ele. Se ele irá corresponder às minhas vaidades e desejos como seu mestre, se ele irá permanecer comigo ou seguirá outra caminho no futuro, não sei, e, realmente, se eu parar pra pensar, não importa! Como disse acima, as pessoas passam por nossas vidas, e devemos ser gratos. Mas a nossa conclusão, minha e de João nesta manhã, pode ser resumida em uma famosa frase do gibi Homem-Aranha: com grandes poderes, grandes responsabilidades. Ele tem a responsabilidade de continuar treinando, e treinando muito - a despeito de seu talento diferenciado e toda dificuldade econômica que temos aqui no nordeste -  e se tornar um mestre como o  grande homem que pressentimos ser, independente de onde ele chegue com o Wing Chun, uma vez que ele prossiga. Caso não prossiga, caso não se torne mestre, gostaremos dele do mesmo jeito. É a pessoa que ele é que motivou este artigo.


Um dos muitos desenhos com os quais ele ilustra suas ideias no Blog do Dido


Durante mais de um ano estive com este Blog parado tal foi a dor de concluir os artigos sobre a perda de um amigo querido. Agora é hora de celebrar também aqueles que estão entre nós, e são meu bem mais precioso como mestre, as pessoas que por aqui estão passando, neste exato momento. Como diria meu amigo Jorge Mostarda: "O que você fará com o Wing Chun que você aprendeu?" Muitas vezes me pergunto isso. Passo agora a pergunta para os meus: o que vocês farão com o que aprendem/aprenderam? Seja qual a resposta, não deixem de ter esperança. Não deixem de rir com os amigos, pois é para isso que acima de tudo o Kung Fu e qualquer arte marcial e atividade humana serve, para que pessoas relevantes passem e, quem sabe, permaneçam em nossos corações, dividindo as alegrias e agruras desta vida passageira.

E assim, celebrando a vida, aquela que permanece pela memória dos que se foram, e pela alegria dos presentes, retomo a pena no Blog do SiFu Marcos. :)




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Destrinchando o Muk Yam Jong, o boneco de madeira do Wing Chun, em uma análise de caso. Parte II

Pois é, assim como o personagem do game Tekken, Mukujin ( 木人) lit. Pessoa de Madeira, Uma corruptela de seu alter ego, Muk Yan Jong ( 木人...