Hoje comecei a postar nas minhas páginas do Face, Orkut e neste canal através do qual vos escrevo, meus pequenos vídeos executando técnica de luta. Nada de espetacular. Não gosto muito de me expor visualmente, mas a a exigência do trabalho não deixa muita escolha. Quando comecei a escrever sobre Wing Chun usando perfil fake, logo as pessoas começaram a questionar se eu podia executar a técnica tão rapidamente o quanto digitava, ou algo do gênero.
E eu achava que podia escrever sobre o soco do Wing Chun porque já tinha tido algumas oportunidades de fazer algumas pessoas sofrerem um bocado com ele, levando-as a nocaute, e me dado mal algumas vezes também. Mas como escrever bem só exige racionar com método e treinar para expor suas idéias, nada a ver com lutar bem, fica aí registrada a movimentação que as pessoas ao passar na porta do Mo Gwun visualizam e perguntam, indecisas: é boxe? Kickboxe? Thaiboxe? Savate? Qwan Ki Do? Desisto? Ah, tá, Vinte e um... Que diabos é essa luta com nome de número*?
No primeiro vídeo eu demonstro alguns chutes básicos, numa sequência que a gente repetia bastante na China. São alguns dos Oito Chutes de Wing Chun. O "boneco de pneus" utilizado é desenhado para o praticante fluir na técnica, devolvendo parte da força empregada. Para fazer a última parte da sequência demonstrada com mais potência, existe um outro boneco, mais forte e com um pneu inteiro, feito para aguentar todo o peso do corpo de uma pessoa chutando com tudo. Há quem compare, por causa das luvas e do jeito gingado que uso no vídeo, com Kick ou Thai. Mas só há golpes de Wing Chun aí: Joelhada com soco (Tai Sut - I Ton Chi Da) chute circular com cobertura (Soh Gerk - Tan Gerk), cobertura com chute frontal (Kwan Sao - Dan Gerk), Lan Gerk e assim por diante, os últimos chutes as mãos cobrem com Lan Sao - Gun Sao e Jip Sao. Não há qualquer mistura com Thai ou kick. até a canelada do Wing Chun é dada de modo peculiar, usando Kan Sao com os braços e fazendo um forte pivô trazendo todo o corpo num recuo que "esquece" a canela, dando um efeito de chicotada muito efetivo.
No segundo link, faço uma sequência de ataque com braço usando socos laterais, frontais, executando em seguida recuos de cobertura e aplicando cobertura de pernas seguidas de cotoveladas. Na minha execução técnica, preferi usar menos velocidade e explosão, que são as minhas qualidades físicas mais evidentes, e focar nas posturas defensivas, pois é isso que funciona para as pessoas que não tem tanto talento ou grande tamanho e força; você usa uma técnica para chegar a um determinado fim, usando melhor o que você tem no momento e enfrentando o braço-perna do oponente com toda a força do seu corpo. Isso é Wing Chun Kuen.
Espero que gostem, e se tiverem alguma pergunta, comentário ou questionamento estamos às ordens.
*Em Português, a sonoridade da prónuncia de "Wing Chun" em cantonês lembra o numeral "21" (vinte e um).
4 comentários:
Saudações
sichok
deixando aqui parabéns pelo trabalho e pela realidade como fala em suas palavras que de fato é o rel concordo...
sempre estou acompanhando as materias e vejo o acrisma com sifu Florentino e com os demais WC.
tudo de bom e muita paz, abraço
Caro SiJuk Pontual Games,
Antes de tudo, obrigado pelos comentários, eles são a força que a gente tem para seguir em frente, além da certeza que a honestidade do nosso discurso é imediatamente reconhecida pelas pessoas, porque acompanhada de ações.
Quando comecei a escrever sobre Wing Chun reproduzi na tela as mesmas questões que eu tive na minha experiência de luta e interpretação da teoria do sistema: Será mesmo o wing chun o "mais simples e eficiente", como dizem? O soco de uma polegada é devastador mesmo? Se é porque não podemos executá-lo na luta solta? Em que sentido as "regras" prejudicam o Wing Chun numa luta? Será que o dedo no olho e o chute no saco por si só resolveriam algo? Por que uma luta de MMA não seria uma luta "real"? Neste caso como explicar o suposto sucesso do wing chun neste ambiente de luta de "rua"? E funciona?
Coloquei essas reflexões simples, quase pueris, em meus artigos no orkut e delas sairam reflexões que acompanharam minha formação completa na arte em 2006, embora eu só possa dizer que realmente entendo um pouco de Wing Chun depois que, autorizado por meu SiFu Li Hon Ki, fui treinar sob orientação de SiGung Duncan Leung, em 2009.
Neste mesmo ano, por causa do sucesso no internet fui convidado a escrever sobre Wing Chun, e foi a chance da minha vida. Passei de leitor a formador de opinião. Escrevi que o "mais eficiente" não é mais eficiente que sua especificidade, e que toda luta tem a sua.
Tudo isso aí foi baseado num desejo genuino de dividir meu conhecimento com as pessoas, e fazer amigos. Consegui os dois. Até a barreira do preconceito contra os nordestinos nós superamos, e todos sabem que não ficamos devendo tecnicamente a ninguém no Brasil, pelo contrário, pelo menos na família somos referência, e os vídeos estão aí para comprovar ou me desmentir.
Quanto ao Marcelo, eu nem preciso mais dizer nada, porque a gente só tem jogado confete um no outro, mesmo. Na penúltima entrevista dele, no blog do Dido, ele fez um reconhecimento que já era tácito na família aqui no nordeste, mas o fato dele, paulistano, ter vindo a público dizer isso me ajudou financeiramente inclusive, porque ele é o mais velho da família, se ele fala, as pessoas respeitam, mesmo os que não gostam dele, embora todo mundo agora queira bancar o papagaio de pirata nas costas dele. Eu liguei pra ele, chorei pacas, ninguém sabe os sacrifícios e o preço que eu paguei para chegar aqui. Marcelo, além de ser lutador, é o empresário, o líder, os alunos dele o chamam de Pai, eu diria que a própria Applied Brasil é obra dele. Ele me estendeu na hora que eu precisei, então estamos aí para qualquer parada! Eu só lamento não tê-lo sacado antes, mas isso é porque, na expressão baiana, ele é plantado, meu rei!
Abraço,
Marcos.
Parabéns Sisok Marcos, gostei muito, e, esperamos por mais. Sou seu fã desde os tempos de "Ancient", naquela comunidade do orkut que já foi boa um dia. Minha admiração por sua pessoa já era grande, e, só fez aumentar, principalmente ao ouvir meu Sifu confirmar suas qualidades, tanto como Mestre de Wing chun como de Pessoa.
Meus Respeitos,
Eduardo Volpi
Caro Eduardo,
Mesmo antes de me aproximar mais do Marcelo depois da volta ao Brasil, eu já ouvia coisas boas vindas dos alunos dele de diversos cantos do país a meu respeito. Para você ver como são as coisas... Dos alunos de um outro condíspulo, tive o desgosto de saber por eles que o mesmo falava mal de mim pelas costas, neste e em outros estados, uma coisa que me revoltou demais, porque calúnia é algo que gruda em você, sem provas, como uma doença. E eu considerava o cara um irmão, mas é isso aí, a gente até cai, mas quem fica no chão não é guerreiro.
Eu não preciso que ninguém goste de mim, mas se você tem algo contra acho que deve me deixar saber antes espalhar merdas por aí, assim eu posso trabalhar para ser um pouco melhor.
Obrigado pelas palavras, Eduardo, elas são um conforto para mim, pois isso deixa claro que todo aquele sacrifício daquela época, na comunidade, valeu à pena. Ainda há algumas pessoas lá trabalhando duro, mas uma hora a verdade aparece de vez. A gente só tem de trabalhar e cuidar da própria vida.
Abraço,
SiSok.
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