domingo, 30 de dezembro de 2012

Presente de Natal.

Numa manhã ensolarada de um começo de verão escaldante, vou ao encontro de minha filha primogênita, Nathália. Cheio de expectativas, com o coração apertado, como sempre nestas ocasiões. Ela está prestes a fazer seis anos. Se tem uma coisa que aprendi na vida por intermédio da dor é que ninguém se acostuma com a falta de um filho. Ando ansioso e aperto o passo, mais duas quadras que não acabam nunca. Ela deve estar tão ou mais ansiosa do que eu. É a quinta vez que a vejo no espaço de dois anos. Uma longa rotina de dor que incluiu centenas de telefonemas sem retorno, promessas de encontros que nunca aconteceram, aniversários e natais perdidos para sempre. Muitas vezes, ao exigir uma explicação para o cancelamento de mais um encontro, a menina, ansiosa e não raro pronta para sair, era colocada ao fone, e cabia a mim explicar-lhe o porquê de não nos vermos...Os últimos encontros foram mais recentes, as coisas parecem ter melhorado, mas eu não estou satisfeito, por saber que toda essa recente reaproximação pode ser violentada novamente e a qualquer momento, o que me destruiria completamente, e sabe Deus quais as consequências para minha menina. Por isso, nunca me permito relaxar, e me dar toda a certeza de vou de fato vê-la, sempre espero pelo pior, uma supressão, um hiato em meu desejo, e guardo a saudade como única certeza. Ademais, visitas supervisionadas e condicionadas são para pais criminosos que maltratam os filhos, não para mim. Sua irmã Luiza, fruto de meu relacionamento atual, ela sequer conhece, nunca houve qualquer interesse de quem quer que seja que as duas se conheçam, o que me angustia mais ainda. Como farei que as duas irmãs exerçam o direito natural de se relacionarem? Não há receita para isto. Mas eu vou, cheio de esperança, pois me garantiram que não haveria problemas desta vez. Finalmente um pouco de bom senso.

Revejo o um dos porteiros do prédio em que ela mora, antigo companheiro de conversas distraídas, um homem grande de rosto enorme e gentil, mas com olhar agudo e com sotaque interiorano, depois de quase três longos anos. Pergunto a ele se resolvera seu problema com a mulher, adquirido na mesma época que eu. Sem muito ânimo e ele diz que sim, ele está de volta ao lar, e com filhos, fico feliz por ele, por causa dos filhos, seja como for, e é quando giro nos calcanhares me volto para minha filha, os olhos parecendo de uma chinesinha que sempre se apertam ao sorrir. "Papai!", ela diz, e meu coração dispara numa completa confusão de sentimentos, que devo comedir imediatamente para que as coisas não fujam ao controle.

Nathália não apenas tem meus traços, felizmente suavizados em seu rosto de menina, mas algumas características minhas que eu preferiria que não tivesse. Ela é tímida e tem mesmo hábito que eu de não olhar diretamente para as pessoas quando fala. Ela corre a meu encontro e quando chega à minha frente, para, abre os braços lentamente, e espera. Eu a abraço, e então ela me aperta num daqueles silêncios tão doloridos, mas que eu desejo que nunca se acabe. Eu a tomo nos braços num gesto brusco onde busco me exibir como um pai "grandão e fortão", ela ri do alto dos meus ombros, mas sinto que está chegando o dia em que colocá-la no colo será um problema para mim. Seja como for, serei forte o bastante para fazer este gesto sempre que ela quiser e o destino permitir. Ganhamos a rua.

Uma pessoa bem conhecida segue-me em meu caminho com a menina, a princípio apenas afetando coincidência. Não é a primeira vez que isto acontece, e quando acontece é só porque  tenho a criança comigo, e isto tem um óbvio motivo nefasto sabido por mim. Ela, esta pessoa, que posso dizer ter um dia amado, faz gestos nervosos enquanto anda e começa a me dizer coisas de que não sei, juntando suposições daqui e dali, sem muitas conexões razoáveis, enquanto me olha de soslaio apertando o passo, os olhos muito injetados e nervosos. Ela então finalmente se interpõe bloqueando meu caminho e eu, ainda com a criança no colo, tento, pela enésima vez, tratá-la com o mínimo de educação que a situação exige, para que as coisas se mantenham no controle. Temo somente por minha filha, que agora esconde seu rosto entre a minha clávicula e pescoço, apertando-me mais com as perninhas me enlaçando a cintura. Jurei para mim mesmo que isto nunca mais aconteceria. Como fui tolo.

Caí novamente numa armadilha que, ingênuo, achei que o bom senso com o tempo resolveria. Ledo engano, tarde demais para arrependimentos. Agora essa pessoa invade meu espaço pessoal, aquela distância mínima crítica entre duas pessoas que tanto incomoda ao ser desrespeitada, e começa a pressionar o dedo indicador contra meu braço em quanto fala, queixo para cima, dentes arreganhados, como que para frisar o que diz. Tratar-se-ia de um gesto de intimidade ao leigo, mas vai ficando pior. "Por favor", digo eu contendo a indignação, "será que você pode falar sem me tocar?" Esquecera eu de carregar comigo a droga do celular com câmera, minha única defesa nestas ocasiões, pois basta o simples gesto de levantá-lo à minha frente para surtir o efeito equivalente a visão de um crucifixo por parte de um vampiro nesta pessoa.

Então o que eu mais temia acontece. A criatura, opressa, começa com as imprecações, epítetos e afins até descambar para a agressão verbal franca e sem reservas de censura, bom senso, tom ou volume. Eu me exaspero, tento manter o controle e matar, dentro de mim, o desejo de retrucar, de manter o orgulho e a dignidade, minha honra de homem, e me concentro em passar segurança para a criança. Começo a suar e sentir minhas pernas tremerem. Minha filha me aperta cada vez mais. "Será que não vê que, por mais que ache que tenha razão, que não goste de mim, vá lá, que eu seja tudo isso que diz, xingar-me na frente da criança não é razoável, que temos de preservar nossas imagens, pelo menos na frente dela?". "Ela é boba, não entende o que falo", ouço em resposta. Tomo este subestimar ultrajante da inteligência de minha filha como um outro gesto de violência, e sinto neste momento um grande asco, uma vontade de cuspir no chão.

"O que você perdeu com sua filha nos últimos dois anos não terá volta", ela me assevera. "Não haverá flashback, nem vídeo, nem reprise, você perdeu, perdeu, e perderá muito mais", diz com um sorriso odioso e louco no rosto. Concordo com ela. Mas eu sou adulto e estou preparado para lidar com isso. A insônia, e pelo lado oposto os pesadelos em bases diárias, são todos meus. O que perdi de Nathália dos quatro aos seis anos é algo com que terei de lidar pelo resto da vida. Mas como minha filha lida e lidará com isso? Como está a cabecinha dela? Será que um dia ela irá esquecer? Ficarão marcas deste dia? Oh, Deus, espero que não! O que ela pensa de mim, neste momento? Será que ela está me achando um homem fraco por não reagir? Como gostaria de reagir!!! Peço perdão repetidamente a minha filha em meu íntimo, por fazê-la passar por isso de novo, por minha ingenuidade, como uma pequena oração, enquanto busco uma saída para aquela armadilha tão óbvia que se amiudava.

Aguento firme mais alguns infinitos segundos, depois de ouvir ameaças e promessas de agressões futuras. "Você sabe quem eu sou. Do que eu sou capaz, que eu vou e faço mesmo!" vociferou espumando. Sim eu sei, como bem sei que, se isto acontecer novamente, ocorrerá única e obrigatoriamente se minha filha estiver presente. Vi uma vaidade tão insidiosa naquela autoafirmação covarde, toda apoiada em cima de uma pessoinha jovem demais para suportar uma carga dessas, que fiquei com bastante vergonha por ela, por mim mesmo, por todos nós, por esse teatro de ridículos.

Acabou. A agressora, não minha, mas de minha filha, foi-se embora murmurando algo para si entre esgares e muxoxos. Eu estou acabado e trêmulo, como se uma grande quantidade de energia me houvesse sido tirada. Coloco minha filha no chão e, num ato tão necessário quanto insuportável, ajoelho-me parcialmente perto dela, a fim de que fiquemos na mesma linha de olhar e, alisando-lhe os longos cabelos lisos, ponho-me a fazer uma calma porém imediata defesa de sua agressora, tentando amenizar o ocorrido. Por dentro, sinto-me vilipendiado, injustiçado. Sinto vontade de contar-lhe a minha versão da história, mas logo consigo afastar essa imbecilidade infantil, egoísta e mesquinha do pensamento, pedindo a Deus, ao diabo, ao destino, o que for, que um dia me faça alguma justiça, não para ferir ninguém - pois também aprendi no processo que o ódio só nos devora a nós mesmos, de forma que tento me livrar dele - mas tão somente para que minha filha não fizesse de mim pior juízo do que eu, de fato, mereço. Não sou nenhum santo, dono da razão nem quero que tenham pena de mim, pois cada um sabe de suas próprias dores, mas até mesmo numa guerra devem existir certas regras a serem seguidas.

Mas, sabe, é então que a própria Nathália, esse criança que não mais usa fraldas, mas que patina e pinta quadros e que tenho urgência em conhecer de novo, revela-se. Sem levantar os olhos a princípio, ela mexe nos seus próprios dedinhos, meditando, então levanta subitamente um olhar grande e surpreso para mim e diz, preocupada, daquela pessoa: "Papai, acho que Papai Noel não lhe dará presentes este ano!"... É, pode até ser, mas eu desconfio que acabo de ganhar o meu. Entendi que eu não tinha de estar preocupado com o que minha filha pensa de mim, mas tão somente em lutar para que essa violência contra ela não apenas não fique impune, mas não se repita mais. Tudo o que eu devo fazer, não importa quão raros, difíceis e dolorosos sejam meus momentos com ela, é ser e fazer o meu melhor, em cada segundo que passamos juntos, e confiar em sua inteligência, em seu discernimento, em seu coração. O meu presente neste dia foi , de certa forma, ganhar a minha filha para sempre. XX

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quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

HUGO "WOLVERINE" VIANA, TREINADO POR MESTRE MARCOS NO WING CHUN, LUTA EM LAS VEGAS DIA 15 DE DEZEMBRO DE 2012 PELO UFC.

 
 
Olá, amigos,

Depois de amanhã, dia 15 de dezembro de 2012, teremos o atleta Hugo "Wolverine" Viana lutando em Las Vegas em sua segunda luta pelo UFC. O atleta do Team Nogueira, que é treinado por SiFu Marcos e pelo preparador físico Leonardo Chamusca na arte do Wing Chun, lutará contra Reuben Duran no peso galo na luta final do card preliminar da final da nova temporada do TUF americano que tem como técnicos os lutadores Roy Nelson e Shane Carwin. Vamos torcer pelo atleta que está usando a nossa técnica de Wing Chun no evento de luta esportiva mais visto em todo o mundo!
Link para anúncio da luta de Wolverine em Las Vegas pelo UFC. 

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Golpes de Wing Chun: Lan

Um dos principais atributos alegados do Wing Chun enquanto arte marcial de vanguarda foi a ideia de que você pode defender e atacar em um só movimento. Surpreender o adversário quebrando o tempo dele, entretanto, não é algo muito fácil de se fazer na prática. Muitas vezes, no meio do caminho, deparamos com a necessidade de nos protegermos de golpes inesperados ou refazermos uma estratégia no calor do momento até que possamos ter uma oportunidade de impormos o nosso jogo. Porque também somos passíveis de sermos surpreendidos.
Se você consegue fazer LAN  , (barrar, impedir ou ainda obstruir em português) um dos conceitos defensivos mais importantes dentro do sistema, significa que está preparado para imprevistos, e, às vezes, se defende deles sem necessariamente ter de esperar pelo perigo e se moldar a ele, mas antecipá-lo assim que a tendência do "perigo" o levar para lá, o que é considerado o máximo da estratégia de combate de nossa arte, a arte de se cobrir. Quem se cobre faz a defesa antes mesmo do ataque chegar, pois do contrário você faz um bloqueio e bloquear quase nunca dá certo em Wing Chun.

Na foto abaixo temos uma foto minha na base conceitual do Wing Chun Yee Je Kim Yeng Mah executando Lan Da (barrar com batida) tal como é conceitualmente concebido não apenas no Wing Chun de muitos estilos mas em outras lutas chinesas também.


Agora gostaria que os praticantes de Wing Chun observassem bem o que digo, ainda que alguns torçam o nariz para isso: a tendência do Wing Chun de lançar contra-golpes de baixo para cima cria uma janela de ataque para o adversário a partir da linha dos ombros que traz a necessidade de complementar o repertório defensivo na parte alta para ser executado inclusive durante a troca de golpes, uma vez que esta janela seria, em outro estilos, ocupada pelo posicionamento natural dos socos horizontais e posicionamento de perna dos golpes circulares em geral. Por isso defesas como Bong Sao e Lan Sao cumprem praticamente o mesmo papel, embora em contextos simbólicos e práticos diferentes. Para o iniciante, o Lan Sao (Braços que barram, ou atravancam ou obstruem) é visto pela primeira vez logo na primeira na forma, Sil Lin Tao (Pequena Ideia Inicial), como faz meu estudante privativo pernambucano Dido na foto abaixo:



O golpe é executado na prática com o defensor literalmente escorando violentamente seu antebraço de encontro ao agressor com o apoio do ombro e do movimento para frente do corpo, seja contra seu corpo, a fim de pará-lo, atingindo-o para isso tronco ou pescoço, seja a seus braços, como forma de antecipar a saída de um ou os dois braços do adversário em forma de socos, ou ainda usando a posição defensiva apenas ocupando a posição horizontal para cobrir a área, fazendo que se choque com o ataque em curso. 




Acima eu demonstro a posição do corpo para a aplicação prática da técnica original. Repare que como o braço na horizontal em si ainda deixa muito espaço exposto, de forma que eu busco colocar o queixo, uma região frágil, apoiado no espaço anatômico natural entre o ombro e o peitoral, deixando exposta apenas a parte mais forte da cabeça, enquanto faço um ataque que pode ser tanto com o soco tradicional do Wing Chun quanto com um soco gancho (Pin Choi). A idéia é que se, por exemplo, eu defender com um Pak Sao (tapa) um soco e a outra área ficar exposta, eu deva correr e me fechar antes mesmo que aconteça a sequência de ataque do adversário. 

Logo abaixo meu aluno João Gilberto consegue a façanha rara de captar meu uso de Lan Sao como simples cobertura de espaço enquanto foco mais no ataque. Ao executar Soh Gerk (Chute de Varredura) protejo meu abdome do que poderia ser um uppercut (muito usado pelos tailandeses quando lutam conosco na china contra esse golpe) num evento esportivo, ou uma paulada ou facada, com Gun Sao (vide primeira forma) enquanto exploro todo o poder que um chute deste, calçado, pode acarretar no tornozelo de um desavisado na luta irrestrita. O lutador deve projetar o quadril para a frente, e fazer um movimento parecido com o jogador de futebol que chuta rasteiro e trazer as pernas em direções opostas, como um alicate, abaixando subitamente no final. No momento do impacto todo meu corpo está envolvido na ação, repare como o pneu se deforma, tendo o executante de mediar a força para não chocar-se demasiado contra a parede.




Contudo o conceito de Lan não aborda apenas sua expressão com os braços, mas é também usado de outras formas no sistema. Por exemplo, existe uma pratica muito perigosa e inocente dos praticantes de Wing Chun quererem pisar todos os chutes que partem do adversário. Quem luta de verdade sabe que, embora a técnica possa ser aplicada, e aplicada com mais facilidade quanto mais leigo é seu opositor, você deve proteger o restante do corpo enquanto faz isso, pois se perder o "timming" do golpe, poderá ser atingido em outra região do corpo, de forma que em nossa escola Applied Wing Chun quando nos cobrimos contra chutes, quer tenhamos ou não a intenção de pisar nos colocamos primeiro em condições de "barrar" o oponente. Vide foto abaixo:



A foto acima demonstra uma postura que também pode ser chamada de Lan Gerk (Pernas que obstruem). Infelizmente como a foto não foi tirada de um movimento natural o corpo não está totalmente bem posicionado, mas pelo menos o suficiente para demonstrar o poder defensivo de um verdadeiro Wing Chun para combate, que não subestima o poder de fogo de outras artes nem faz do praticante um advinho ou medium, pois uma vez que erre a pisada o praticante está relativamente protegido. Repare que desde o joelho até a cabeça todo um lado está "fechado". Caso chute nas costelas, o adversário enfrentará o encontro do joelho com o cotovelo, algo que gera uma tremenda dor. A mão esquerda que ajuda a direita a fazer uma escora na defesa Tan Sao, mais frágil, também pode ficar com o cotovelo mais alto em Lan e cobrir a cabeça.


Por fim, apenas para mostrar que os conceitos do sistema fluem também das armas para as mãos livres e vice-versa, executo com o bastão longo do Wing Chun, Luk Dim Boon Kwan (Bastão de Seis Pontos e Meio) o movimento Lan Kwan (Barrar com Bastão), que uma vez bem executado conduzirá o praticante, em qualquer situação, a um cruel e não raro mortal contra ataque (não, se você usar com as mãos livres não vai matar o cidadão, antes que alguém comece falar que armas deixam as mãos "afiadas" e todo aquele besteirol de alguns alienados do wing chun de sempre).

Peço desculpas por ter ficado tanto tempo sem escrever por aqui. Ainda vou escrever um texto só para ele, mas fica aqui a expressão da nossa dor, minha e de todos os meus alunos, da nossa saudade do meu aluno, amigo e policial incansável Eduardo Rafael. Este artigo é dedicado à sua memória.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

GOLPES DE WING CHUN: Chaang Gerk





Aproveitando três fotos tiradas na rua de casa, ainda que forma amadora (teria de ter uma quarta e quinta fotos para mostrar melhor o começo e o finalzinho do golpe, mas já dá para explicar) começamos a explorar nossa nova seção Golpes de Wing Chun com Chaan Gerk 


Chaang Gerk é uma das Oito Energias dos chutes de Wing Chun e pode ser considerado um chute lateral por excelência. Como a maior parte dos chutes de Wing Chun, ele envolve todo o corpo em sua aplicação, já que no Wing Chun, para seu uso em ambientes de combate irrestrito ou sem regras como são os combates de rua e agressões, devemos gerar o máximo de potência com o mínimo de espaço. Seu uso envolve situações de contra ataque nas quais você está com a perna parcialmente esticada devido a uma cobertura de perna (não usamos a expressão "bloqueio" de perna) ou uma saída lateral, por exemplo, como quando executamos Man Sao no boneco de madeira (Muk Yam Jong) de treinamento.

No exemplo das fotos acima, na primeira foto à esquerda SiFu Marcos usa Chaang como se fora defender-se de uma canelada que viria pelo seu lado esquerdo. Como ele não sabe a altura que virá o chute, ele começa sua movimentação em busca da perna de apoio de seu oponente, colocando entretanto, sua cobertura num angulo triangular que coincida com sua perna caso a canelada venha na altura baixa. Na altura média, seu Dai Bong Sao acompanha a subida da perna e cobre a região de seu abdome com um movimento ascendente, enquanto a cabeça e o troco se vão inclinando para evitar tanto a canelada quanto o soco que, em situações em que enfrentamos um oponente experimentado em ringue, podem vir com um intervalo de tempo muito pequeno.

Na segunda foto, SiFu Marcos transforma sua cobertura em Chaang Gerk. Para que o golpe tenha força, ele faz um forte tranco para baixo com seu ombro direito, ainda que seus braços estejam a subir em Kwan Sao para proteger a cabeça, caso o chute escape. É deste giro que o chute tira sua força, ajudado pelo movimento de "forças em direções opostas" se consideramos a direção em que vai sua perna direita, e a que vão seus braços. Quanto mais SiFu Marcos joga seus braços para trás e para cima, mais força é gerada e mais estabilidade ele terá para recuperar o equilíbrio, perdido como demonstra a foto três. neste ponto a perna do adversário pode ser atingida e levar o adversário ao chão, ou ainda atingir a região sacra ou parte interna da coxa. É um golpe de relativamente fácil aplicação e muito poderoso. No ataque direto ele adquire outro nome e tira energia de uma outra forma, mas isto é assunto que fica para a próxima vez.



Exemplo de aplicação de Chaang Gerk contra canelada (0:10s).

quinta-feira, 31 de maio de 2012

Comentando o "kickboxing" do Applied Wing Chun

Para chegarmos bem aos mil acessos neste mês, e aproveitando a segunda vinda de meu aluno Dido, bem conhecido no Wing Chun por blogar este tema, a Salvador para treinar Sil Lim Tao, primeiro nível do sistema, vim pisar de vez na cabeça dos nossos (poucos) detratores que, nos últimos meses, assim que saíram nossos primeiros vídeos, começaram a procurar nossos contatos na internet e aconselha-los a não fazer nosso curso de formação de instrutores porque este que vos escreve seria um sujeito sem cultura que, ao invés de ensinar o "tradicional" Wing Chun Kuen Phai ensinaria uma versão porradeira e kickboxeada da luta.

Como eu entendi depois algum tempo que a melhor maneira de combater esta gente pequena é deixar a mesma abrir o bueiro, deixei rolar à vontade, mas graças a Deus me ocorreu aqui de abordar este tema porque as pessoas realmente, por ignorância (no sentido óbvio de desconhecer algo) acabam achando que a gente não faz wing chun, e que é uma heresia usar estas luvas de boxe malditas, e todo este equipamento que nos deixa parecidos com aqueles heróis de seriado japonês. Então, até mesmo para meus diletos amigos que são profissionais de wing chun de outras escolas, vai a explic...ups, comentário, porque quem tem de se explicar é quem deve algo, e não eu. Então em poucas linhas vocês entenderão o porquê de tanto aparato durante o treinamento.

O Wing Chun de nossa família é marcado pela máxima confuciana que diz que "A essência do conhecimento consiste em, uma vez possuído, aplicá-lo". Foi este o enfoque dado por Yip Man a Leung (Duncan) Siu Hung e por este último a seus seguidores. Sendo assim, nossa escola é também conhecida como a escola do "Primeiro Contato". Isso porque como o nossa luta supõe que nosso oponente será mais alto, mais forte, mais rápido ou tem algum tipo de vantagem, numérica ou ainda de meios, sobre nós, devemos então tirar o máximo do que temos para compensar. Neste caso específico, usamos as extremidades mais distais ou rígidas de nossos ossos combinados a movimentos biomecânicos que visam jogar a toda a força de nosso corpo contra o seguimento "mole" do corpo do adversário que está no ataque em curso, fazendo com que o mesmo se machuque a ponto de desistir de continuar a nos agredir e saia da disputa.

Marcelo mostra biomecânica defensiva-ofensiva do Wing Chun na TV

Sendo assim, quando atacados por grandes ataques circulares, usamos por exemplo, o Tan Sao expondo o cotovelo. Num treinamento, ou numa agressão muito forte, o contato do antebraço com a defesa pode, além de gerar grande dor, paralisar o nervo radial e deixar o oponente sem mover alguns dedos por algumas horas.


Wesley usa proteção e luvas durante treino de Pak 


No Pak Sao a grande ardência da pele pela repetição das defesas explosivas exige a presença de um protetor de antebraço, que pode ser substituído pela luva de boxe nos treinos de contato, já a que luva impede que o tapa seja executado com total perfeição e força. Seguindo o mesmo raciocínio, quando usamos nossa perna contra a perna adversária procuramos as articulações e mesmo o pé, pisando a ponta para gerar uma alavanca que "estoure" o tornozelo. Como nem sempre é possível treinar dessa forma sem inutilizar o parceiro por alguns dias, geralmente chutamos na canela, e uma vez na defesa posicionamos o corpo para, novamente, o inimigo enfrentar com sua canelada todo o peso de nosso corpo.

SiBak Falkner se cobre. Seria melhor ter chutado a pilastra.

As pessoas estranham ao nos ver com luvas de boxe. Elas não entendem que nem sempre usamos as luvas para ter um maior contato físico, mas para proteger nossos dedos frágeis do cotovelo que usamos gentilmente contra os jabs. Um de meus alunos treinou com SiFu Paulo Júnior, a quem ajudei recentemente a afiar a técnica, sem ouvir meus apelos de que colocasse uma luva de boxe, ao invés da de freestyle. Paulo é muito bom com esta técnica. O aluno quebrou um dos dedos e ficou dois meses parado.



Johnny Tiger ajuda lutador a fazer kwan sao com olhos bem abertos, molhando-os.


 Dido chuta bem. Foi recrutado a ajudar SiFu.


Não é possível treinar nosso repertório técnico sem proteger-se minimamente. Quando digo que calejamento shaolin ou de Muay Thai não é suficiente para evitar essa dor absurda, as pessoas não acreditam. Mesmo quando fazemos campings usando thai boxers profissionais, eles têm de ficar cobertos de equipamento dos pés a cabeça, porque respeitam nossa especificidade e não a subestimam, pois devem proteger-se, em especial nas técnicas em que reagimos da posição parada, que é nossa especialidade para as situações de combate irrestrito ou "de rua". Se temos recursos, porque não usá-los?





 Depois de um dia inteiro de treino, todos exaustos.
SiFu Marcos e seus discípulos em seu MoGwun


Pessoal, vou ficando por aqui. Treinando à noite o sono vai embora, e já é dia claro de mais treinamento antes que Dido volte ao Recife. Confiram no link abaixo Dido executando Tan Da Lien Wan Choi na manopla, usando os cotovelos para se cobrir de ataque circular. Estou à disposição para esclarecer qualquer dúvida adicional. Quero agradecer por fim todo apoio da comunidade do kung fu e especialmente a do Wing Chun à minha última postagem. Nosso Wing Chun é a nona geração desde seu início. Sabemos de cor o nome e a história de cada mestre que nos precedeu, e o que cada um trouxe de único ao que a arte é hoje, e procuramos honrar este esforço ancestral com o melhor. Entretanto, se não pagamos de monge nos treinos, se não vestimos vestes tradicionais, isso pouco importa, até porque Wing Chun foi um estilo treinado reservadamente até uns 60 anos atrás, de forma que nunca houve uniforme oficial, ou original. Não é se vestindo de punk que você vai ter o underground vivendo em você, só para ficar num exemplo mais visual, não são suas roupas, seu moicano ou seu equipamento, que tornam você diferente, são nossas suas atitudes perante nossos antepassados, nossa família Wing Chun, nossa família filial, nossos amigos e a sociedade. Isso, temos de sobra. Abraço!
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sábado, 5 de maio de 2012

SiFu Marcos participa de treinamento de atleta do TUF Brasil

Há quase um ano atrás eu escrevia aqui neste blog um artigo polêmico já pelo título em que eu anunciava que treinar Chi Sao e Lap Sao não prepara ninguém para uma luta. Como era-me difícil escrever sobre este assuntos para leigos, fiz uma introdução sobre o assunto que gerou discussões acaloradas na internet (vide link do tópico: http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?cmm=1268204&tid=5642465628349929732), onde todos logo entenderam erroneamente que eu disse que esta técnica não prestava, ou não era passível de aplicação pratica, e prometi um artigo que serviria de continuação ao primeiro que ficou só na promessa mesmo, em parte por ser algo difícil de escrever, em parte porque isso mexe com aquelas coisas extremamente subjetivas em Wing Chun como estes tais exercícios que mais parecem coisa de filme de kung fu de terceira categoria, e eu não quero ser visto como um destes teóricos que não entendem nada de luta de verdade. Mas agora, como este título no post, certamente todo mundo vai ler e entender o que tenho a dizer, porque agora temos milhões de testemunhas daquilo que queremos mostrar, e os resultados são perfeitamente verificáveis em vídeo.

Confesso que não sou um cara totalmente aficcionado em lutas hoje como era antigamente, quando eu era um lutador em todo o sentido da palavra. Afora algumas lutas do UFC de caras que sou fã e que vejo de vez em quando, se alguém me mostrasse o título deste texto algumas semanas atrás eu provavelmente perguntaria "Quem fez esta proeza?"

Pois bem, eu havia encontrado numa competição de MMA, a qual fui convidado por meu cunhado, um antigo ex-parceiro de treino e colega da faculdade de Educação física chamado Leonardo Chamusca e que hoje é preparador físico de atletas profissionais. Nós treinamos durante aproximadamente um ano os basics do wing chun na mesma academia em que o então vice-campeão mundial de jiu jitsu Rodrigo "Minotauro" Nogueira dava aulas. Léo, como o chamávamos, já era instrutor de Wing Chun e aficionado em MMA, e treinava BJJ sob a orientação de Nogueira, enquanto eu ia tomando minhas primeiras lições particulares com SiFu Li Hon Ki. Desde aquela época Chamusca já tinha idéias extremamente avançadas para época sobre como poderíamos colocar o aquilo que aprendíamos sob uma perspectiva mais prática.

Anos se passaram, e um dia Léo chegou com uma proposta de levar o Wing Chun para o MMA, e que precisava de um especialista no assunto. Logo de cara eu torci o nariz para a idéia, porque geralmente os entusiastas do Wing Chun não o entendem o suficiente para entender que o mesmo não é uma luta de ringue, mas um método de defesa pessoal desenvolvido por monges zen extremamente particular e focado para um objetivo diverso e um público alvo muito diferente de atletas profissionais, embora mestres ainda sustentem que o wing chun é algo mortal demais para ser usado plenamente numa luta. Ouvi este tipo de merda a minha vida inteira.

Foi aí que Léo me surpreendeu. Ele dissera que tinha uma dificuldade (leia-se oportunidade) muito particular com um atleta que era preparado fisicamente por ele, um lutador oriundo do Tae Kwon Do chamado Hugo "Wolverine" Viana que, destarte essas dificuldades, estava a cinco lutas invicto, e que era um forte candidato ao UFC num futuro próximo. Muito antes de Anderson Silva postar uma foto de Yip Man em seu twitter e falar sobre o wing chun que praticara no passado, Leonardo me disse que Anderson pegava a premissa básica da estratégia de luta do Wing Chun, a quebra de ritmo, do "tempo" de luta, e que já a vinha usando com sucesso em suas lutas, e foi desfraldando uma série de informações que eu ouvia com certas reservas.

Quando Léo explicou-me qual era sua intenção, trabalhar determinados problemas que só existem na realidade do MMA na curta distância, neste caso específico, eu que também treinei MMA comecei a pensar com quanta maldade, com quanta crueldade poderíamos dar armas a Hugo porque ele tiraria força bruta de onde normalmente as pessoas não esperam, porque não está baseada na rapidez, na juventude, na velocidade, mas no jeito que você usa o que seu corpo te oferece de acordo com a situação.

Eu fiquei meio sem jeito para trabalhar com aquele rapaz inicialmente, porque ao invés de mostrar a ele como era nossa adaptação de um Wing Chun defensivo a uma luta de ringue - justamente o "kickboxing" que somos acusados de fazer, e que na verdade só tem golpes de kung fu, Léo e eu decidimos começar a trabalhar com ele um exercício tradicional que, como disse no artigo mencionado acima, realmente não prepara ninguém efetivamente para lutar chamado em chinês de Lap Sao (puxar braços) a fim de lhe dar noções de lateralidade, geração de energia na distância curta, uso de cotovelo etc. Ele já era um lutador completo, e ensinar do começo uma nova arte marcial com um jeito totalmente diferente do que ele sabia poderia ser demorado e infrutífero, além de perdermos um tempo precioso.

Hugo tem um perfil diferente da maior parte dos lutadores, ele teve uma educação formal muito boa, é um fisioterapeuta e um cara muito educado, focado e inteligente. Ele aprendeu rapidamente noções básicas de Chi Sao e Lap Sao, e tem uma força descomunal para sua pouca estatura, mas um coisa estava me incomodando, eu projetava ele tentando aplicar as técnicas da mesma maneira que aprendeu (vide artigo sobre lap sao) exatamente como faz a maior parte dos lutadores de nossa arte, e isso poderia ou dar muito certo, apenas pelo desconhecimento de seus adversários da técnica, ou muito mal, ser nocauteado tentando amarrar os braços de um cara escorregadio e preparado.

Então eu disse a ele para não tentar fazer aquilo por fazer, mas entender que o Chi Sao/Lap Sao são ferramentas para o treinamento cerebral, que existe uma lógica naqueles movimentos, e que desde que ele os praticasse com diligência, ele absorveria intuitivamente aquela lógica e que ela iria dizer-lhe o que fazer quando a maior parte das situações não treinadas especificamente aparecessem. Quando vi a primeira luta dele na competição ficou óbvio para mim o uso da técnica, especialmente a noção de grudar e passar o cotovelo de forma extremamente poderosa adaptadas por Léo no dia-a-dia de seu treinamento. É uma satisfação ver nossa arte ser aplicada em combate, e ver como um wing chun genuíno pode ser usado de diferentes formas numa luta, justamente por esta capacidade de adaptação.

O sucesso deste trabalho, aliado a pequenas intervenções de consultoria em outras competições e, graças a Deus, a seriedade que passamos no nosso trabalho e o reconhecimento um pouco tardio de nosso nível técnico abriu outras possibilidades de intercâmbios e parcerias, tanto para nosso treinamento pessoal, que julgo o mais importante, porque vendemos melhor aquilo que vivemos e acreditamos, quanto para vôos mais altos, e espero que isso contribua de alguma forma para o resgaste do respeito por nossa arte marcial. Aguardem novidades.

Abraço,
Marcos.


HOW ELEMENTS OF APPLIED WING CHUN WENT TO TUF - BRAZIL

Almost a year ago I wrote here an article in which I said that practicing only "Chi Sao" and "Lap Sao" doesn't be able anyone to fight better. Many people didn't understand what I wanted to say and they started thinking that I said these traditional exercises don't work in any situations. However, the main of my idea was very simple. These exercises really work but not exactly how people do in the gym. It's very commum to find Wing Chun and Jeet Kune Do practitioners completely alienated with the idea they can tie their opponent arms and hit freely like in a chinese movie. That's not impossible, but whom fights against a prepared opponent knows that is a little bit hard to execute.

So, I promissed to write a continuation of the first article to explain it but I didn't. First of all due to this matter being something very complicated to explain without an image of what you want to show and at last, I was searching for an opportunity of working in a pratical way because in my mind anything out of this way would be just talk and talk again. Less words, I wanted to prove what I had supposed in my text could be showed without giving space to my martial arts friends that don't agree with me in this particular case.

Earlier than I could've thought and in a way that I also couldn't imagine in advance I had a chance to work on it. An old Wing Chun and Physical Education classmate called Leonardo Chamusca now is a coach and personal trainer of professional fighters here in Salvador. Our city receive every year hundreds of fighters come from the whole world to get some especific skills in MMA, especialy  western boxing and BJJ. And we can't forget that was here that Capoeira was born like a tool of liberation of the brazilian black people originated from africans and indians dance, rhythm, culture and honoring values, so specially during the summer right before the Carnival you can see european people turning our Capoeira rounds more coloured and beautiful and conected worldwide.

Therefore, when we met again after years during a MMA competition and he said that he had ideas to work togather I thought something relationated with physiology of the exercise, gym, everything but never, ever, something that concerned to our previous Wing Chun experience. Leonardo had been a formal “Minotauro” Nogueira’s BJJ student, and had contact with guys like the famous MMA boxing coach Luis Dorea and many others champions. Despite Leonardo's recent history in MMA, he also had been a formal wing chun instructor and I remebered he had great and clever ideas to give our ancient training more eficiency.

Our Master Hon Ki Li (Li Hon Ki) was a great fighter during the early 70's but he is a very tradiciotional man in his way to teach wing chun and if we wanted to become fighters like he was, we would have to go to another martial arts studios, championships and sometimes fight on the street to see how it worked. However, we were young, and after years I finally could understand what is the tecnical purpose of the Wing Chun among another martial arts and I don’t need to prove that our style is better or worse to any other style anymore. Just to show how it works avoiding criticise without knowledge. This is the best speech.

Leonardo had come to my house and started exposing his ideas. At the beginning I thought it wouldn't work. Many months before Anderson Silva had posted Yip Man's pictures on his twitter and talked in a brazilian TV channel about his experience with Wing Chun years ago, Chamusca told that he was using it mixed with the tecniques and hints he learned from Steven Seagal and I heard that a little bit skeptical. Although all my reluctance, when he gave a proper situation to work on using a specific wing chun tool, I had just seen that our vision of how to use wing chun in combat had perfect fit.

His athlete, Hugo "Wolverine" Viana (Team Belfort at TUF Brazil) according to his description, was a very good striker, specially using his legs due to his preceding Tae Kwon Do career. But he had some especific troubles in some situations in fighting short distance. When Leonardo showed me the mainly positions, and how many chances of hiting really hard his opponents Hugo had lost, a new world full of opportunities immediately opened up in my mind. Our Applied Wing Chun, basead in create explosive strength using biomechanical tricks could be used to hit short distance in a way that an opponent can't imagine before getting hurt.

Instead of show him our tipical manner of fight against professional fighters, we decided to teach him the traditional Wing Chun Lap Sao (in some branches also called Bong Lap Da etc.) exercises and Tang Chi Sao.A very inteligent guy, humble and very strong for his short stature, he could learn very fast and  - most important - to understand what I wanted to say when I asked him for don't try to apply those exercises literally, but to feel the logical way to use the elbows to stop, to cover, follow up and hit like water that destroys everything using a smooth force of adaptation. The most important thing would be repeat and repeat those exercises once again according their original purpose at the beginning.

Changing slightly the orginal exercise following my instructions some time after that, Leonardo could coach his athlete to use that as in the specific situations we had in the beggining as for another ones that appeared later. "It was a truly revolution" Chamusca said me by phone some months later.

When I had seen Hugo's first fight over the internet http://www.ufc.com/tuf-brasil-episode-1 it was clear what Leonardo meant. Despite we always work to see results, seeing them so evidently made me proud. As Wing Chun fighter, I'm happy and thinking in continue this work. You work hard during years for everything "suddenly" start working. Another incredible chance to prove our value appear now. However, like this time, we'll work and wait for the results  and just after that we are going to show that here.

Hug,
Marcos.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

MEUS VÍDEOS

Olá, pessoal,

Hoje comecei a postar nas minhas páginas do Face, Orkut e neste canal através do qual vos escrevo, meus pequenos vídeos executando técnica de luta. Nada de espetacular. Não gosto muito de me expor visualmente, mas a a exigência do trabalho não deixa muita escolha. Quando comecei a escrever sobre Wing Chun usando perfil fake, logo as pessoas começaram a questionar se eu podia executar a técnica tão rapidamente o quanto digitava, ou algo do gênero.

E eu achava que podia escrever sobre o soco do Wing Chun porque já tinha tido algumas oportunidades de fazer algumas pessoas sofrerem um bocado com ele, levando-as a nocaute, e me dado mal algumas vezes também. Mas como escrever bem só exige racionar com método e treinar para expor suas idéias, nada a ver com lutar bem, fica aí registrada a movimentação que as pessoas ao passar na porta do Mo Gwun visualizam e perguntam, indecisas: é boxe? Kickboxe? Thaiboxe? Savate? Qwan Ki Do? Desisto? Ah, tá, Vinte e um... Que diabos é essa luta com nome de número*?

No primeiro vídeo eu demonstro alguns chutes básicos, numa sequência que a gente repetia bastante na China. São alguns dos Oito Chutes de Wing Chun. O "boneco de pneus" utilizado é desenhado para o praticante fluir na técnica, devolvendo parte da força empregada. Para fazer a última parte da sequência demonstrada com mais potência, existe um outro boneco, mais forte e com um pneu inteiro, feito para aguentar todo o peso do corpo de uma pessoa chutando com tudo. Há quem compare, por causa das luvas e do jeito gingado que uso no vídeo, com Kick ou Thai. Mas só há golpes de Wing Chun aí: Joelhada com soco (Tai Sut - I Ton Chi Da) chute circular com cobertura (Soh Gerk - Tan Gerk), cobertura com chute frontal (Kwan Sao - Dan Gerk), Lan Gerk e assim por diante, os últimos chutes as mãos cobrem com Lan Sao - Gun Sao e Jip Sao. Não há qualquer mistura com Thai ou kick. até a canelada do Wing Chun é dada de modo peculiar, usando Kan Sao com os braços e fazendo um forte pivô trazendo todo o corpo num recuo que "esquece" a canela, dando um efeito de chicotada muito efetivo.



No segundo link, faço uma sequência de ataque com braço usando socos laterais, frontais, executando em seguida recuos de cobertura e aplicando cobertura de pernas seguidas de cotoveladas. Na minha execução técnica, preferi usar menos velocidade e explosão, que são as minhas qualidades físicas mais evidentes, e focar nas posturas defensivas, pois é isso que funciona para as pessoas que não tem tanto talento ou grande tamanho e força; você usa uma técnica para chegar a um determinado fim, usando melhor o que você tem no momento e enfrentando o braço-perna do oponente com toda a força do seu corpo. Isso é Wing Chun Kuen.




Espero que gostem, e se tiverem alguma pergunta, comentário ou questionamento estamos às ordens.

*Em Português, a sonoridade da prónuncia de "Wing Chun" em cantonês lembra o numeral "21" (vinte e um). 



Destrinchando o Muk Yam Jong, o boneco de madeira do Wing Chun, em uma análise de caso. Parte II

Pois é, assim como o personagem do game Tekken, Mukujin ( 木人) lit. Pessoa de Madeira, Uma corruptela de seu alter ego, Muk Yan Jong ( 木人...